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GUERRA FRIA
EUA>>SÉRGIO DÁVILA
A cerimônia censurada
HOUVE CENSURA na
cerimônia de abertura
dos Jogos Olímpicos
da China. Não, não é ideológica
nem veio do Partido Comunista chinês: foi econômica, e veio
do comando das agências de
publicidade norte-americanas.
No momento em que estimados 4 bilhões de telespectadores do mundo inteiro assistiam
ao espetáculo ao vivo pela TV,
300 milhões de norte-americanos viam um chef de cozinha
ensinar culinária chinesa na
NBC, a emissora detentora dos
direitos de transmissão.
O motivo? Não há apenas
um, mas 894 milhões. Foi essa a
quantia em dólares que a empresa pagou pela exclusividade
de exibir os Jogos nos EUA. Só
em venda de publicidade a NBC
já faturou US$ 1 bilhão (mais de
R$ 1,6 bilhão). Mas os anunciantes pagaram por um produto inédito e em horário nobre.
Daí a decisão de atrasar a transmissão para as 20h locais de
ontem (21h de Brasília), quase
12 horas depois do fato.
E danem-se os telespectadores matinais dos EUA, como este colunista. Aos poucos, porém, uma comunidade de milhares passou a se comunicar
em fóruns virtuais públicos e
dar dicas de onde assistir ao
evento ao vivo pela internet.
O site da CBC canadense está
exibindo! (Era verdade, mas
com qualidade baixa.) O da alemã pública Das Erste -"a primeira"- tem uma tela maior!
(Tinha mesmo, e eu acabei assistindo nessa, interrompido
por dezenas de "wunderbar",
"maravilhoso", dos âncoras.)
E não é que foi "wunderbar"
mesmo? Especialmente o veterano ginasta olímpico Li Ning
suspenso no ar, "correndo"
com a tocha sobre uma tela gigantesca que se desenrolava no
topo das arquibancadas, até
acender a pira gigante.
Foi um momento mais Steven Spielberg -que ia dirigir a
cerimônia, mas desistiu por
motivos de consciência- que
Zhang Yimou, o cineasta chinês
que comandou a festa de abertura. Ainda assim, "wunderbar". Será isso a globalização?
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