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GEOGRAFIA
Afirmação de pequenas nações ajuda a proliferar competições esportivas regionais, como os Jogos Afro-Asiáticos
Periferia busca a glória em Jogos nanicos
DA REPORTAGEM LOCAL
Sintoma do maior intercâmbio
esportivo mundial, Ásia e África
encerraram sem muito alarde, na
semana passada, a primeira competição multiesportiva bicontinental do mundo. Os Jogos Afro-Asiáticos tiveram sua edição inicial em Haiderabad, na Índia.
No mesmo momento em que o
mundo assiste a um distanciamento diplomático entre Europa
e EUA, por conta da Guerra do
Iraque, Ásia e África iniciaram
sua união na esfera esportiva.
Durante nove dias, 95 países
disputaram provas de oito esportes (atletismo, natação, tiro esportivo, lutas, boxe, tênis, hóquei e
futebol). A China foi campeã, com
25 ouros, 11 pratas e cinco bronzes. Com 82 títulos, a Ásia bateu a
África, que conquistou 49 ouros.
O novo evento se soma a outros
que, em nível regional, colocam
como protagonistas pequenos
países, que têm papel de coadjuvantes durante a Olimpíada.
Há competições de todos os tipos ao redor do mundo. Na América do Sul, uma dos mais tradicionais são os Jogos Bolivarianos.
Disputados por países que hoje
integram os territórios libertados
por Simon Bolívar entre 1810 e
1824, as disputas atualmente contam com a participação de seis
países: Bolívia, Colômbia, Equador, Peru, Venezuela e Panamá.
Criados em 1938, os Jogos já tiveram 14 edições. A última, em
Ambato (Equador), em 2001, serviu de indicador da ascensão venezuelana no continente.
O país realizou, na ocasião, a
melhor campanha de sua história
nos Jogos Bolivarianos. Dois anos
depois, superou a Argentina no
quadro de medalhas do Pan-Americano de Santo Domingo,
disputado de 1º a 17 de agosto.
Na Europa, continente recheado de potências olímpicas, os nanicos também resolveram se unir.
Assim, surgiram os Jogos dos Pequenos Países Europeus, cuja participação é vetada às nações com
mais de um milhão de habitantes.
Para os oito nanicos, os Jogos
são importantes. Afinal, em que
outra competição o Chipre conseguiria liderar o quadro de medalhas, como aconteceu em Valletta
(Malta), neste ano? E como seria
possível a Islândia contar com a
hegemonia em oito das dez edições do evento já realizadas?
A afirmação de nacionalidades
fez surgir outro novo evento no
calendário europeu. A independência de algumas repúblicas da
ex-URSS -Lituânia, Estônia e
Letônia- na década de 90 levou à
criação dos Jogos do Mar Báltico.
A segunda edição da iniciativa,
em Vilna-1997, contou inclusive
com a participação da Rússia.
Outra república que fez parte da
antiga União Soviética, a Belarus,
vizinha da Lituânia, também esteve presente, como convidada.
A disputa esportiva entre países
desperta interesse, mesmo em
eventos que não contem com
quase nenhuma estrela. Foi o que
ocorreu nos Jogos Afro-Asiáticos.
O maior nome que viajou para a
Índia foi o velocista Frank Fredericks, 36, da Namíbia, prata nos
100 m e 200 m nos Jogos de Barcelona-1992. Ele adicionou mais
dois títulos à sua coleção, com as
vitórias nos 200 m e no revezamento 4 x 100 m em Haiderabad.
Mesmo assim, os organizadores
acreditam que o evento foi um sucesso. "Pode ter havido problemas. Foi a primeira vez que aconteceu a competição. Mas isso não
deve ser destacado", minimizou
Suresh Kalmadi, presidente do
Comitê Olímpico Indiano.
O maior objetivo dos indianos é
se credenciar para sede dos Jogos
da Comunidade Britânica de
2010. Com princípios diversos
dos Jogos Bolivarianos, a competição entre colônias do antigo império inglês tem alto nível técnico.
Mas há também versões -bem
menos importantes- com ex-colônias francesas e holandesas.
(ADALBERTO LEISTER FILHO)
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