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OLIMPÍADA
Confederações elaboram projetos de pré-temporada curta e barata, o oposto do que foi feito pelo COB em 2000
Brasil bane concentração para Atenas
GUILHERME ROSEGUINI
DA REPORTAGEM LOCAL
As estratégias são diferentes. Os
destinos também. Mas uma idéia
em comum permeia a preparação
das confederações olímpicas brasileiras para Atenas-2004: esquecer a Olimpíada de Sydney.
Até dezembro, as entidades precisam enviar ao Comitê Olímpico
Brasileiro um projeto detalhado
sobre a pré-temporada para os Jogos na Grécia, em agosto.
Na Austrália, o COB comandou
a aclimatação das delegações. Elegeu a cidade de Canberra, capital
do país e distante 300 km de
Sydney, como anfitriã do selecionado. No total, foram quase 30
dias de treinos e concentração.
O que se vê agora é um movimento na direção oposta. Nada de
longos períodos de isolamento.
Nada de estadas onerosas.
"Nosso grande erro foi ter permanecido 22 dias em Canberra.
Os atletas ficaram exaustos. Chegamos lá bem preparados e rumamos para Sydney já derrotados",
afirma Coaracy Nunes, presidente da Confederação Brasileira de
Desportos Aquáticos.
Os nadadores acalentavam o sonho de alcançar o pódio em cinco
provas. Levaram só um bronze,
no revezamento 4 x 100 m livre.
O fiasco nas piscinas serve como microcosmo do desempenho
de toda a delegação. O Brasil cogitava superar o recorde de medalhas logrado em Atlanta-1996
-15 no total, sendo três de ouro.
Só que ficou longe disso. Trouxe
seis medalhas, nenhuma dourada, e terminou na 52ª posição.
"Em Atenas será diferente. Vamos deixar os nadadores no Brasil com a família. Só iremos para a
Grécia cinco dias antes das provas. Nada mais", conta Nunes.
Novo formato
O raciocínio também é encampado pelos atletas. Robert
Scheidt, velejador que tentará
chegar ao pódio pela terceira vez
consecutiva em Atenas, quer fazer
um breve apronto fora do Brasil.
"Se for um período muito longo, a
gente perde o foco", conta ele.
Segundo Scheidt, pré-temporadas muito intensas podem inclusive ser prejudiciais. "Exagerar
nos momentos finais da preparação pode resultar em contusões."
Assim, a aposta dos dirigentes
para uma boa aclimatação está
nos torneios que antecedem os
Jogos. O alvo preferencial é a Europa, para onde 18 das 27 confederações pretendem viajar.
De janeiro a julho, o continente
vai receber centenas de eventos
preparatórios para a Olimpíada.
Os brasileiros já costuraram acordos para viabilizar curtas pré-temporadas para as seleções.
É o caso do boxe. A modalidade
apostou em um longo período de
isolamento na preparação para o
Pan-Americano de Santo Domingo. Não colheu bons frutos.
Os pugilistas ficaram quase 40
dias longe do Brasil, disputando
provas na Venezuela e no Equador. De lá, seguiram direto para a
República Dominicana.
Resultado: com representantes
em 11 categorias, conseguiu apenas dois terceiros lugares, desempenho inferior ao logrado no
evento interior, em Winnipeg-1999 (duas pratas e dois bronzes).
"Não vou repetir isso de jeito
nenhum. Não tem coisa melhor
do que a nossa comida, nosso arroz com feijão. Meus atletas chegaram ao Pan totalmente desconcentrados", contou Luiz Claudio
Braga Boselli, presidente da Confederação Brasileira de Boxe.
Em 2004, os pugilistas ficarão de
10 a 15 dias treinando em Roma.
A única modalidade que pretende estender o período de concentração é o hipismo. Motivo:
adaptação dos animais. Os dirigentes acreditam que os cavalos
precisarão de 30 dias para se habituarem ao clima europeu.
Independentemente do tempo e
do local definido para a pré-temporada, as confederações devem
arcar com a maior parte dos gastos. O presidente do COB, Carlos
Arthur Nuzman, entretanto, afirma que pode ajudar após analisar
as propostas de cada modalidade.
"Vai depender do que cada entidade apresentar", disse.
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