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ATLETISMO
Presidente de comissão do COI, Sergei Bubka pede equiparação com comitês dirigentes e maior rigor antidoping
Mito do salto quer mais poder a atletas
ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL
Nas pistas, ele se acostumou a
superar barreiras cada vez mais
intransponíveis. Fora delas, o
ucraniano Sergei Bubka, 39, iniciou a luta para ultrapassar mais
uma: dar poder aos esportistas.
Em entrevista à Folha, Bubka
defendeu uma participação maior
do grupo nas decisões políticas do
Comitê Olímpico Internacional.
"Queremos ser um dos quatro
pilares dentro do movimento
olímpico, ao lado do COI, dos comitês de cada país e das federações esportivas internacionais",
disse Bubka, que foi eleito no ano
passado para dirigir a Comissão
de Atletas da entidade hoje presidida pelo belga Jacques Rogge.
Maior nome da história do salto
com vara, Bubka detém o recorde
mundial da prova (6,14 m), estabelecido em Sestrieri, nos alpes
italianos, há nove anos. Quatro
anos depois de ter deixado as pistas, ainda é dono das 13 melhores
marcas da história da prova.
Seus perseguidores mais próximos, o russo Maksim Tarasov e o
norte-americano Jeff Hartwig, ultrapassaram a marca de seis metros três vezes. Bubka superou essa altura em 17 oportunidades.
Nunca um atleta obteve tal supremacia em uma competição do
atletismo. Em Mundiais, é dono
de seis títulos (Helsinque-83, Roma-87, Tóquio-91, Stuttgart-93,
Gotemburgo-95 e Atenas-97).
Dois norte-americanos conseguiram mais ouros do que Bubka.
Michael Johnson, o recordista,
obteve nove títulos. Carl Lewis,
outro mito da modalidade, é dono de oito conquistas mundiais.
Porém Johnson e Lewis tiveram
vitórias em três provas diferentes.
Além disso, contaram com o auxílio da supremacia dos EUA nas
disputas de revezamento.
Bubka obteve até um pódio em
família. No Mundial indoor de
Paris-85, levou o ouro e viu Vasiliy, seu irmão, ficar com o bronze.
Atualmente, ele lamenta o baixo
nível técnico de sua prova. Neste
ano, Giuseppe Gibilisco foi campeão mundial em Paris ao saltar
5,90 m -a marca não está nem
entre as 50 melhores da história.
"Vejo hoje a decadência do salto
com vara. Infelizmente, de tempos em tempos, isso acontece.
Mas temos uma nova geração de
saltadores como [Dmitri] Markov, [Romain] Mesnil, Gibilisco,
[Okkert] Brits, [Patrik] Kristiansson, [Tim] Lobinger e Hartwig.
Desejo toda a sorte a eles."
Para Bubka, a experiência acumulada em 26 anos de carreira
agora o auxilia na nova função.
"Conheço as necessidades dos
esportistas e o que influencia um
bom desempenho olímpico", diz.
Para incentivar o engajamento
dos atletas -classe que o próprio
dirigente admite ser pouco participativa-, o ucraniano planejou
algumas iniciativas a serem implantadas nos Jogos de Atenas.
"Estamos prontos para ouvir a
todos na Vila Olímpica ou nos locais de competição. Além disso,
pela primeira vez, teremos escritório próprio", disse Bubka, que
quer imprimir um jornal no local.
Na capital grega, as estrelas do
evento também irão eleger quatro
novos membros da comissão.
"Vamos vistoriar tudo para que
haja as melhores condições de
treino e moradia durante a Olimpíada", declarou o ucraniano.
Preocupado com os recentes escândalos relacionados a novas
drogas, ele pede ainda mais rigor
nos controles. "Acho que o doping é a maior ameaça ao esporte
no século 21. Por isso, é necessário
respeito à lista de substâncias
proibidas e transparência nos julgamentos", afirmou Bubka.
"Nossa comissão quer participar ativamente da guerra contra
as drogas. É importante que os
procedimentos antidoping sejam
aplicados a todos os esportes e em
todos os países", completou ele,
defendendo a adoção do código
da Agência Mundial Antidoping.
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