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A maior Olimpíada do mundo, pela escala, é chinesa, mas será a melhor?
JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
EDITOR DE ESPORTE
No espaço de apenas uma década, a palavra "chinês" mudou
de significado. É comum hoje
em dia ouvir, por exemplo, que
algo tem crescimento "chinês".
Ou seja, cresce muito e rapidamente. Nem sempre foi assim.
Há alguns anos, um produto
"chinês" era pirateado ou malfeito, sinal de má qualidade, pejorativo até. Atualmente, basta
olhar em volta ou para o próprio corpo e constatar: algo que
você está usando ou vestindo é
"made in China". E é bom.
Para um país quase agrário
há poucas décadas, um salto e
tanto. Mas não para a China, o
centro do mundo, a civilização
milenar, que inventou o papel e
a bússola, mesmo sem saber direito o que faria com aquilo.
Com o cofre abarrotado, a
China foi às compras. No supermercado do mundo, quem
tem dinheiro faz a festa e, da
IBM aos Jogos Olímpicos, a
China encheu o carrinho. Só
que o vendedor esqueceu de dizer que, com os Jogos, a mídia,
Richard Gere, Mia Farrow e outras criaturas vestidas de laranja viriam junto, de brinde.
Em tese, nada disso atrapalha. A escala chinesa é outra. Se
metade do mundo que tem dinheiro parar de comprar produtos chineses, a outra metade,
composta basicamente por chineses, os comprará em dobro.
Se todos os turistas estrangeiros em Pequim resolverem ir
embora hoje, sobrarão ainda o
dobro de visitantes -chineses.
Um poder que garante, com
certeza, a maior Olimpíada já
realizada, não a melhor. Para
tanto, a China precisa repetir,
de forma bem mais complexa, o
fenômeno descrito no início
deste texto. Não está à venda.
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