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CHINA
Mulheres alçam país ao posto de potência olímpica
Desempenho feminino, desde que país voltou aos Jogos, em 1984, supera o masculino em 17 ouros
Em Atenas-2004, chinesas ganharam 19 medalhas douradas, contra 12 das americanas; entre homens, vantagem ficou com os EUA
PAULO COBOS
ENVIADO ESPECIAL A SHENYANG
A primeira medalha de ouro
da China nos Jogos de Pequim
foi de uma mulher -Chen Xiexia, na categoria até 48 kg do levantamento de peso.
Tudo muito natural. No mais
populoso país do mundo, onde
a política de filho único faz com
que muitas vezes o nascimento
de uma menina seja mal recebido pelos pais (preferem um homem, que possa sustentá-los
na velhice), o esporte feminino
está muito à frente do masculino na história olímpica.
Desde que voltou aos Jogos,
em 1984, a China só não teve
mais medalhas de ouro de mulheres do que de homens uma
vez -justamente naquele ano.
Com a vitória de Chen, são 64
ouros femininos chineses contra 47 masculinos (o país ainda
venceu três provas mistas). No
primeiro dia dos Jogos de Pequim, a China conquistou o ouro com Wei Pang no tiro.
Entre as mulheres, a meta de
ser melhor do que os EUA já foi
alcançada. Nos Jogos de Atenas, há quatro anos, as chinesas
ganharam 19 ouros, contra 12
das norte-americanas. Nas provas exclusivamente masculinas, os EUA tiveram larga vantagem, com 23 contra 12 dos
competidores asiáticos.
Nos esportes coletivos, a China é potência somente com
mulheres, como no futebol, no
qual foi prata em Atlanta-96, e
especialmente no vôlei -é a
atual campeã olímpica e também faturou o primeiro lugar
em Los Angeles-84.
Levantamento feito pela Folha mostra que, dos 50 eventos
em que a China tem grandes
chance de ouro, 30 são com
mulheres. As competidoras do
país asiático devem dominar
várias modalidades, como levantamento de peso, badminton, tênis de mesa e saltos ornamentais. Também estão mais
cotadas do que os homens em
esportes de luta, como taekwondo, judô e luta.
A vitória de Chen teve forte
apelo patriótico. Após a entrega
das medalhas, um dos dez canais da TV estatal chinesa pôs
no ar longo programa mostrando a carreira da halterofilista de
25 anos e sua rotina de treinos.
Poucas horas depois, ela estava no estúdio da emissora para uma longa entrevista. Tudo
isso com uma frenética troca de
roupas, numa prova do interesse das multinacionais esportivas pela China. Chen competiu
com uniforme da Nike. Foi ao
pódio com agasalho da Adidas e
voltou a usar Nike na televisão.
Chen manejou bem a pressão
por bons resultados que os atletas chineses recebem por estarem competindo em casa num
país sedento por vitórias -antes dela, a atiradora Du Li, que
era a grande favorita na prova
da carabina de ar, foi mal e acabou apenas em quinto lugar.
A halterofilista disse que em
nenhum momento sentiu pressão. "O que eu pensava era fazer
o melhor em cada tentativa e
conseguir tudo o que podia."
Os chefes do levantamento
de peso chinês declararam que
Chen sofreu uma contusão há
quatro semanas e, por isso, a
sua vitória foi motivo de comemoração especial. Cui Dalin, o
chefe da missão chinesa, disse
que o ouro de Chen "será uma
grande inspiração para toda a
delegação" do seu país.
639 atletas
tem a China na sua Olimpíada -o Brasil levou
277 esportistas. É a
maior equipe do país
mais populoso do planeta
nos Jogos. A média de
idade dos atletas chineses é de 24,4 anos. Contando os não-atletas, são
1.099 membros na delegação da nação anfitriã
165 atletas
chineses nos Jogos de
Pequim estiveram também na Olimpíada de
Atenas, na Grécia, quatro
anos atrás. E 37 participaram de eventos olímpicos em Sydney-2000. Em
relação aos treinadores,
264 integram a equipe
chinesa -38 deles nasceram em outro país
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