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VIOLÊNCIA
Americano é morto por chinês em local turístico
Vítima era sogro do técnico
de seleção de vôlei dos EUA
FÁBIO SEIXAS
LUÍS FERRARI
ENVIADOS ESPECIAIS A PEQUIM
O assassinato de um turista
norte-americano em Pequim,
parente de um membro da delegação dos EUA, manchou o
primeiro dia dos Jogos, mobilizou as autoridades no Parque
Olímpico e provocou os primeiros rumores sobre o abandono
de um time do evento.
O crime aconteceu às 12h20
locais, 1h20 de ontem em Brasília, na Torre do Tambor, construção do século 13 localizada a
8 km do Ninho de Pássaro.
Segundo a agência estatal
Xinhua, um chinês armado
com uma faca investiu contra
um casal de turistas americanos e um guia local. O marido
morreu. Os outros ficaram feridos e foram levados a um hospital. Ainda de acordo com a
Xinhua, o assassino, identificado como Tang Yongming, 47,
cometeu suicídio, jogando-se
do segundo andar da torre, a
cerca de 40 metros de altura.
O Usoc, comitê olímpico
americano, informou que o
morto é Todd Bachman, sogro
de Hugh McCutcheon, técnico
da equipe masculina de vôlei
dos EUA, e pai de Elisabeth
Bachman, da seleção americana de vôlei em Atenas-2004.
No fim da tarde chinesa, circulavam rumores de que o time
masculino deixaria a competição, informação não confirmada pela federação americana
-a estréia, contra a Venezuela,
aconteceria nesta madrugada,
no horário brasileiro.
À noite, pouco antes de o jogo
feminino de vôlei entre EUA e
Japão começar, no Ginásio Capital, a Folha localizou o porta-voz da equipe norte-americana. Indagado sobre a possibilidade de se retirarem do torneio
olímpico, disse acreditar que
isso não acontecerá. Mas enfatizou que era uma opinião pessoal, não a posição oficial.
Após a partida, a chinesa
Lang Ping, técnica da seleção
feminina dos EUA, disse que
suas jogadoras ficaram chocadas. "Mas os Jogos têm que
continuar", afirmou.
O Comitê Olímpico Internacional divulgou nota solidarizando-se com a família e a delegação americana e dizendo-se "profundamente triste" com
o incidente. Shao Ziqiang, da
divisão de comunicações do
Bocog, a organização da Olimpíada, disse que os turistas não
trajavam uniformes da delegação nem roupas que os identificassem como americanos.
China e EUA guardam diferenças históricas, agravadas
nos meses pré-Jogos Olímpicos com a exacerbação do patriotismo dos anfitriões.
Anteontem, na cerimônia de
abertura em Pequim, a delegação norte-americana teve como porta-bandeira o sudanês
Lopez Lomong, integrante do
Team Darfur, organização que
critica a atuação do regime chinês na África.
Na noite de sexta, um incidente mais leve foi registrado
no bairro de Haidan, no noroeste de Pequim. Enquanto a
cerimônia de abertura acontecia no Ninho de Pássaro, um
repórter australiano foi atacado na rua, a 100 m do seu hotel,
perto do Palácio de Verão: um
chinês bêbado o acertou com
uma cadeira. O saldo: um corte
na palma da mão esquerda.
Ataques contra turistas estrangeiros são raros na China.
Em março, um homem manteve dez australianos reféns por
três horas num ônibus em
Xian, um dos principais destinos turísticos da China. Ele foi
morto a tiros pela polícia.
O último assassinato havia
acontecido em 2002. Na ocasião, um turista britânico foi
morto em Badaling, trecho da
Grande Muralha localizado a
75 km da capital chinesa.
São esperados 450 mil turistas estrangeiros na capital chinesa durante os Jogos.
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