São Paulo, domingo, 10 de agosto de 2008 |
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Camisa sem escudo irrita os jogadores DO ENVIADO A SHENYANG
O rabo-de-cavalo da maioria
das jogadoras deveria esconder
a única menção ao Brasil na camisa da seleção feminina de futebol ontem, na vitória por 2 a 1
sobre a Coréia do Norte.
Mas nem isso foi preciso.
Com uma camisa diferente da
que será usada pelos homens, o
time feminino fez o primeiro
jogo de um time de futebol do
país na Olimpíada após a CBF
resolver tirar seu escudo da camisa, por motivos que mudam
de acordo com o interlocutor.
Para os homens, a opção foi
uma camisa lisa, com a marca
da Nike na frente e Brasil escrito, em letras pequenas (não
mais que três centímetros), na
parte de trás da gola.
Mas no uniforme das mulheres nem isso havia.
A possibilidade de estampar
a bandeira do Brasil no peito foi
descartada pela CBF. Segundo
a federação, isso não seria possível porque esse símbolo durante a Olimpíada seria exclusivo da Olympikus, por causa do
contrato da empresa de material esportivo com o COB (Comitê Olímpico Brasileiro).
Procurada pela Folha, a assessoria do comitê não quis informar se essa cláusula realmente existe. Apenas se limitou a dizer que o polêmico caso
está encerrado.
Mas o episódio escancarou a
desavença entre CBF e COB.
A confederação de futebol
diz que tirou seu escudo da camisa porque foi informada pelo
comitê, e também por políticos, de que seu emblema no
uniforme dos atletas poderia
atrapalhar a candidatura do
Rio aos Jogos de 2016.
Já o COB diz que o problema
maior é um desrespeito ao regulamento olímpico, o que poderia gerar suspensões ou multas -a CBF alega que jogou
com o escudo na primeira rodada amparada pela Fifa e que
no máximo seria obrigada a pagar uma multa de R$ 1.600.
A decisão de jogar sem escudo irritou jogadores e jogadoras do futebol nacional.
"É uma palhaçada. Mas a
gente tem que botar na cabeça
que é uma coisa política e esquecer. Não foram políticos
que ganharam essas cincos estrelas, foram os jogadores, com
sofrimento", declarou o volante e meia Anderson. "Para nós,
é muito importante saber que o
escudo está no nosso peito. Foi
muito estranho", disse a atacante Marta. "Até os adversários vão ficar irritados. A camisa da seleção é um prêmio, e
eles terão uma sem o escudo",
falou o técnico Dunga.
O volante Hernanes viu vantagem em jogar sem escudo. "É
bom que a gente não fica preso
ao passado. Algumas vezes precisamos mirar o futuro."
Contra a Nova Zelândia, hoje, às 6h, o time masculino,
além da falta de escudo, irá vestir um uniforme também pouco comum. No jogo em que pode garantir a classificação para
as quartas-de-final, o time de
Dunga vai jogar de meias, calções e camisas azuis.
Em visita aos times masculino e feminino, o ministro do
Esporte, Orlando Silva Jr., ouviu um rosário de queixas de
jogadores e jogadoras sobre a
falta do escudo. Disse que entendia as queixas, mas que não
poderia fazer nada.
(PC) Colaborou EDUARDO OHATA , enviado especial a Pequim Texto Anterior: Futebol: Com auxílio da goleira rival, Brasil vence a primeira Índice |
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