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Em dia histórico, país conquista cinco ouros
Tenório vira 1º judoca a vencer quatro Paraolimpíadas seguidas, bocha obtém título inédito, e equipe vê três recordes mundiais
DA REPORTAGEM LOCAL
O Brasil viveu um dia histórico ontem na Paraolimpíada de
Pequim ao conquistar dez medalhas (cinco de ouro, três de
prata e duas de bronze).
O país abocanhou quase 10%
dos ouros distribuídos (61) no
terceiro dia de competições.
Com isso, o Brasil subiu ao
quinto lugar no quadro de medalhas -havia terminado o segundo dia em sétimo.
Dos ouros, três foram com
recordes mundiais, e os outros
dois, inéditos para o Brasil.
Ao derrotar Karim Sardarov,
do Azerbaijão, com uma chave
de braço na final da categoria
meio-pesado (até 100 kg) do judô, Antônio Tenório, 37, tornou-se o primeiro judoca paraolímpico a ganhar quatro
medalhas de ouro seguidas.
"Dedico essa medalha para
aqueles que torceram por mim.
A todos que acreditaram", afirmou o primeiro brasileiro tetracampeão paraolímpico, que
em Atenas-04 havia dito que
até poderia lutar em Pequim,
mas dificilmente iria ao pódio.
Ele perdeu a visão do olho esquerdo aos 13 anos, com um estilingue. Seis anos depois, um
deslocamento de retina do olho
direito o deixou cego. Em Pequim, Tenório venceu suas
quatro lutas por ippon.
No feminino, Deanne de Almeida conquistou a prata ao
perder a final contra a chinesa
Yuan Yanping, por ippon.
O outro ouro inédito veio na
bocha, modalidade na qual o
Brasil fez sua estréia em Paraolimpíadas. Dirceu Pinto venceu
Yuk Wing Leung, de Hong
Kong, por 3 a 1 na final da categoria BC4 (distrofia muscular).
Derrotado pelo compatriota
na semifinal, Eliseu Santos
completou o pódio ao bater o
espanhol Jose Maria Dueso.
Os ouros com recordes mundiais foram conquistados na
natação (dois) e no atletismo.
No Cubo d'Água, Daniel Dias,
20, conquistou com facilidade
seu terceiro ouro ao completar
os 200 m livre da classe S5 em
2min32s32. O segundo colocado terminou mais de seis segundos depois do brasileiro.
"Queria nadar para 2min34 e
acabei em 2min32s32. Estou
muito feliz", afirmou o brasileiro, que teve má formação congênita dos membros superiores
e da perna direita.
Na classe S10, André Brasil
venceu os 100 m livre com a
marca de 51s38 e viu o compatriota Phelipe Andrews terminar em segundo, com 54s22.
"Foi muito bom quando eu
bati e vi meu recorde. E foi melhor ainda quando eu vi que o
Phelipe estava em segundo",
disse Brasil, que teve seqüela de
poliomielite e já havia batido o
recorde dos 100 m borboleta.
A terceira vitória com recorde mundial aconteceu no Ninho de Pássaro. Lucas Prado
venceu os 100 m da classe T11
(cegos totais) com o tempo de
11s03, batendo o próprio recorde mundial, que era 11s19.
Na mesma prova, mas entre
as mulheres, Terezinha Guilhermina e Ádria Santos ganharam prata e bronze.
"Perdi para mim mesma, mas
essa prata vai ser uma motivação a mais para as outras provas que eu vou disputar", disse
Terezinha, recordista mundial
da prova, que largou mal e se
desequilibrou no início.
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