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Ricardinho festeja "recomeço"
Na Itália, levantador se prepara para estrear em time dirigido por Renan, amigo de Bernardinho
Feliz com a nova equipe, o
Treviso, jogador conta ter
assistido à final em Pequim,
mas evita comentar sobre a
seleção, "coisa do passado"
TATIANA CUNHA
ENVIADA ESPECIAL A TREVISO
Há cerca de um mês, Ricardinho sorri à toa. Completamente recuperado de uma cirurgia
que fez na mão esquerda em
março, trocou o Modena, seu
time nos quatro últimos anos e
onde já não se dava bem com
companheiros e torcedores,
pelo Treviso, também da Itália.
Ironia do destino, o que o levantador chama de "recomeço"
acontece justamente na equipe
treinada por Renan Dal Zotto,
um dos melhores amigos de
Bernardinho, com quem não o
jogador fala desde que foi cortado da seleção às vésperas dos
Pan do Rio, no ano passado.
Depois disso, o jogador, eleito o melhor da Liga Mundial
em 2007, não voltou mais à
equipe. Chegou a ser pré-convocado por Bernardinho para a
Copa do Mundo, em novembro,
mas o técnico condicionou seu
retorno a um pedido público de
desculpas. Que não aconteceu.
Neste ano, a seleção não conseguiu repetir o sucesso de
temporadas anteriores. Na Liga, jogando no Rio, perdeu para
os americanos na semifinal e
terminou fora do pódio. E, há
menos de um mês, nova derrota para os mesmos adversários
frustrou o sonho do ouro olímpico nos Jogos de Pequim.
Ontem, em sua primeira entrevista a um jornal brasileiro
após a Olimpíada, o levantador
disse à Folha que não pensa
mais na seleção. "Assisti à semifinal e à final masculina aqui
na Itália", disse ele, no Palaverde, ginásio de seu time.
"Vi os dois jogos, mas prefiro
não comentar nada, não quero
falar de seleção. Seleção para
mim é coisa do passado. Não
sinto falta, acho que isso faz
parte, é um processo. Não sou
um cara que fico pensando, remoendo coisas...", completou.
Ricardinho falou também
que desde o corte não manteve
contato com ninguém do grupo
brasileiro. No Modena, porém,
jogava com Murilo, André Heller e André Nascimento, todos
do time de Bernardinho.
Agora, terá como companheiro Gustavo. Mas, quando
questionado sobre o relacionamento com o jogador, desconversa. "Faz um ano e dois meses que não falo com ninguém.
Mas nós somos profissionais."
Segundo ele, sua saída do
Modena se deu porque a equipe queria cortar custos e investir em jogadores jovens. "Eles
pegaram um levantador novo,
que precisava jogar. E comigo
por lá ficava um pouco difícil.
Modena me cedeu, e Treviso
me abraçou rapidamente."
Sem ter de defender o Brasil,
o levantador aproveitou o tempo livre nas férias do Italiano
para curtir a família.
"Sem a seleção, eu consegui
ficar uns dois meses e meio em
Maringá [PR], em casa, o que
eu adoro", disse ele, que mora
em Treviso, no nordeste da Itália, desde o dia 15 de agosto.
"Fiquei quatro meses parado
depois da fratura na minha
mão e agora voltei cheio de
vontade de recomeçar. Agora é
tudo novo, casa nova, vida nova, novos jogadores, gente que
eu só conhecia de jogar contra.
Esse time é praticamente uma
seleção italiana, e eu estou
muito contente", completou.
A família do jogador também
está se adaptando à nova vida.
Sua filha mais nova, Bianca, 5,
começa as aulas hoje. Júlia, 10,
volta à escola na próxima semana. O pouco tempo na cidade já causou alguns contratempos a Ricardinho. "Já me perdi
aqui umas três vezes, mas Treviso é bem menor que Modena,
então é mais fácil se achar.
Além disso, hoje, com GPS, essas coisas que temos aqui na
Europa, é muito mais tranqüilo
para se virar do que no Brasil."
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