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Partida que enfim inclui região na agenda das eliminatórias da Copa do Mundo tem poucos jogadores nordestinos, estádio pequeno, ingresso exorbitante e adversário sem categoria
Cada vez mais distante, a seleção reencontra o NE
PAULO COBOS
ENVIADO ESPECIAL A MARACAIBO
Depois de um jejum de dois
anos, o Nordeste reencontrará
hoje a seleção brasileira. Mas o desembarque em Maceió revelará
um time diferente, deslocado.
Em 2002, na conquista do pentacampeonato na Ásia, cinco integrantes do grupo formado pelo
gaúcho Luiz Felipe Scolari haviam
nascido na região. Entre eles, o
meia-atacante Rivaldo, uma das
principais estrelas da campanha.
Mas na delegação que jogaria na
Venezuela, ontem à noite, depois
do fechamento desta edição, e jogará na capital alagoana, na próxima quarta-feira, somente dois
atletas têm essa distinção: o goleiro baiano Dida e o volante pernambucano Juninho.
O esvaziamento nordestino da
seleção coincide com o desdém
da agenda da Confederação Brasileira de Futebol aos Estados que,
mesmo com somente um representante na primeira divisão nacional, colecionam anualmente
recordes de bilheteria.
Região com a segunda maior
população do país, o Nordeste
testemunhará uma partida das
eliminatórias para a Copa do
Mundo da Alemanha-06 depois
do Norte (Manaus), do Sul (Curitiba) e do Sudeste (São Paulo).
O adversário, os colombianos,
ocupava a vice-lanterna do torneio qualificatório até a rodada
deste fim de semana.
O palco também está longe de
estar entre os mais nobres. O Rei
Pelé receberá cerca de 20 mil torcedores -menos da metade da
capacidade de estádios de Estados
vizinhos, como o Castelão, em
Fortaleza, o Arruda, no Recife, e a
Fonte Nova, em Salvador. Para
azedar ainda mais a festa, o ingresso para a arquibancada sairá
por no mínimo R$ 80.
O tratamento não é o mesmo de
outros tempos da gestão de Ricardo Teixeira na CBF. Logo após a
conquista do tetracampeonato,
em 1994, o presidente colocou Recife no roteiro da comemoração.
Depois de ganhar o pentacampeonato, em 2002, o Brasil fez seu
primeiro jogo no país em Fortaleza, em um amistoso contra o Paraguai com forte cunho político
-o então candidato à Presidência Ciro Gomes recebeu uma camisa do então ascendente Kaká.
O jogo em Maceió também
acontece no reduto de um dos
maiores aliados políticos da CBF,
o senador Renan Calheiros
(PMDB-AL). Em público, jogadores e comissão técnica dizem não
se importar onde a seleção manda
seus jogos caseiros. Para Ronaldo,
"jogar no Brasil é sempre um prazer". "No Nordeste, o torcedor
apóia muito a equipe", afirma o
técnico Carlos Alberto Parreira.
Depois do jogo contra a Colômbia, o Brasil retornará a campo
pelas eliminatórias apenas mais
uma vez em 2004. O rival será o
Equador, na altitude de Quito.
Em campos brasileiros, o time
só atuará de novo no início de
2005, contra o Peru, provavelmente em Goiânia, no Centro-Oeste, que será então a última região do país a fazer parte da turnê
da equipe pelas eliminatórias.
Confira o resultado de Brasil x Venezuela na
www.folha.com.br
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