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FUTEBOL
Clube amarga dívidas aproximadas de R$ 60 milhões, enquanto herdeira do HMTF anuncia capital de R$ 82 milhões
"Falido", Corinthians vê ex-parceiro rico
EDUARDO ARRUDA
RICARDO PERRONE
DA REPORTAGEM LOCAL
De um lado, dívidas que podem
chegar a R$ 60 milhões. Do outro,
uma empresa com capital de quase R$ 82 milhões, controlada por
sócias criadas num paraíso fiscal
pelo fundo americano HMTF.
A primeira situação é vivida pelo Corinthians, e a segunda pela
Panamerican Sports Teams Licenciamento, herdeira da parceria do clube com o HMTF, que
durou de 1999 a 2002.
Com sede em São Paulo, a empresa tem todo o seu capital dividido entre a Corinthians Sports
Licensing Company e Pan American Team Sports Co.
As duas "offshore" (empresa
que normalmente tem o objetivo
de colocar dinheiro e corporações
a salvo do controle dos Estados
nacionais) foram abertas em
George Town, nas Ilhas Cayman,
um paraíso fiscal.
O status é o mesmo das Ilhas
Virgens, onde foi criada a MSI
(Media Sports Investments), com
a qual uma parceria é vista pelo
clube como solução para as dívidas. A Panamerican Sports Team
Licenciamento passou a ter esse
nome após o fim da parceria. Antes, se chamava Corinthians Licenciamentos, criada para administrar os negócios dos parceiros.
Dados da Junta Comercial de
São Paulo registram uma história
de milionários aportes de capital
feitos na empresa. São números
que contrastam com a penúria vivida hoje pelos corintianos. Freqüentemente, o clube recorre a
empréstimos para pagar os salários de seus jogadores.
A sucessora da Corinthians Licenciamentos tem agora um capital de R$ 81.969.768. "Esse dinheiro entrou no país pelo Banco Central na época em que a parceria estava em vigor. Veio para que pudéssemos cumprir nossos compromissos", disse Adhemar Magon, da PST, que saiu da parceria
alegando que a empresa tinha
prejuízo mensalmente.
"Esse capital não significa que
temos todo o valor em dinheiro.
O que temos hoje são jogadores."
No time profissional do Corinthians, o único atleta que é 100%
da empresa é o volante Fabinho.
O ex-parceiro tem também participação em revelações no clube.
A empresa responsável pelos
negócios entre Corinthians e
HMTF sempre teve o seu capital
sob o controle de sócios estabelecidos em paraíso fiscal.
A Corinthians Licenciamentos
foi registrada na Junta Comercial
em julho de 1999 como terceiro
nome da Logus Comércio e Comunicações, criada em abril de
1998. Em maio de 1999, ela passou
a se chamar Futebol Licenciamentos e começou a ser controlada pelas sócias nas Ilhas Cayman.
"Todas as grandes empresas se
estabelecem em paraísos fiscais
para pagar menos impostos. Não
é ilegal", disse Magon.
A entrada do HMTF fez o capital da empresa pular de R$ 1.000
para R$ 8,6 milhões. Três meses
depois, o valor já tinha passado
para R$ 44,8 milhões.
O auge da injeção de dinheiro
na parceria ocorreu em dezembro
de 2001, quase dois anos após o
Corinthians conquistar o Mundial de Clubes da Fifa.
Na ocasião, o capital era de 107,4
milhões. Em abril de 2002, com a
parceria ainda em funcionamento, esse valor caiu para R$ 85,7 milhões, próximo ao capital de hoje.
Segundo Magon, o fato de o capital ser controlado por empresas
nas Ilhas Cayman não fará com
que seus patrões deixem de ser
solidários com o Corinthians nos
processos trabalhistas gerados no
período da parceria.
"Respondemos com cerca de R$
80 milhões, mesmo com as empresas fora do país."
Somente o atacante Luizão cobra R$ 6 milhões em vencimentos
atrasados do clube. Conseguiu a
penhora de um dos terrenos do
Parque São Jorge. A diretoria corintiana afirma que quem deve a
Luizão é o ex-parceiro.
De acordo com o presidente Alberto Dualib, os salários do atleta,
que eram de responsabilidade do
Corinthians, estavam em dia. Mas
o restante, referente a direitos de
imagem, que era pago pelo
HMTF, não foi liquidado.
O contrato com o HMTF, que
deveria durar até 2009, foi interrompido em 2002. O Corinthians
até tentou ser indenizado pelo
fundo, mas o contrato não previa
multa rescisória.
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