São Paulo, segunda-feira, 11 de agosto de 2008

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JOSÉ GERALDO COUTO

O símbolo e os números


O Grêmio acelerou e termina o primeiro turno como líder inconteste, com o melhor ataque e a melhor defesa

O TÍTULO é simbólico -campeão do primeiro turno-, mas só os muito tacanhos não reconhecem a importância dos símbolos num esporte movido em grande parte pela emoção, como é o futebol.
Estou falando do Grêmio, claro, que, durante a primeira metade do Brasileirão, mostrou uma notável regularidade e que parece ter pisado no acelerador nas últimas rodadas, deixando na poeira seus concorrentes mais próximos.
Se, na era dos pontos corridos, geralmente vence o campeonato quem acaba o primeiro turno na ponta, o tricolor gaúcho deu passos largos rumo à taça. Uma liderança incontestável: cinco pontos à frente do vice, o Grêmio tem o maior número de vitórias, o melhor ataque e a melhor defesa.
Mas o Grêmio não pode relaxar.
Convém ter em mente o exemplo recente do Flamengo, que liderou por várias rodadas e abriu uma boa vantagem sobre os adversários, mas depois despencou e agora amarga a sétima posição, com poucas chances de voltar a disputar a ponta.
Se os cariocas viveram uma gangorra nesse primeiro turno, com o Flamengo caindo e o Botafogo subindo espetacularmente até alcançar o rival, os paulistas parecem ter entrado no torneio em marcha lenta, demorando para engrenar.
Palmeiras e São Paulo, que têm os melhores elencos do Estado e talvez do país, poderiam estar disputando diretamente a liderança se não tivessem marcado passo nas últimas rodadas (o Palmeiras nesta, o São Paulo na anterior).
As grandes decepções desse primeiro turno foram o Fluminense e o Santos. Nem parece que ambos disputaram a Libertadores da América, muito menos que o Flu foi à final.
Se não houver mudanças drásticas, são candidatos a cair.
O Vasco desce a ladeira com preocupante rapidez. Tive a esperança de que o problema fosse Antônio Lopes, identificado demais com a nefasta gestão Eurico Miranda, e que a entrada de um novo comandante infundisse ânimo no time. A goleada sofrida ontem para o Vitória jogou água gelada sobre essa frágil chama.

Reinado ameaçado
Na Série B, o grande jogo do primeiro turno, pelo menos em termos simbólicos, será o de amanhã, entre Avaí e Corinthians.
Depois de liderar a Segundona por três meses, em alguns momentos com ampla folga, o alvinegro vê pela primeira vez em risco seu reinado de caolho em terra de cego. Se perder na Ressacada, entregará a liderança para o time catarinense.
Para a Fiel, não basta voltar à Série A. A vergonha da queda só será atenuada pelo título e com campanha espetacular, como a do Grêmio de Mano Menezes em 2005.

Poeira nos olhos
Quem é que não gosta de ver uma chuva de gols e uma festa de lances vistosos? Mas o placar de 5 a 0, os chapéus e dribles de efeito não devem nos fazer esquecer de um fato básico: a Nova Zelândia não sabe jogar futebol.
Contra equipes melhorzinhas é que poderemos ter uma idéia mais realista das potencialidades da seleção olímpica brasileira.

jgcouto@uol.com.br


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