São Paulo, domingo, 12 de janeiro de 2003

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FUTEBOL

Com o esquema 4-4-2, equipe nacional abre mão de um zagueiro para comportar, possivelmente, uma revelação

Nova tática da seleção ajuda a nova safra

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

Será que Kaká, Diego, Robinho ou Gil podem encontrar espaço no time titular da seleção brasileira na Copa de 2006? Com a ascensão do técnico Carlos Alberto Parreira e a volta ao esquema 4-4-2, a resposta é teoricamente positiva.
O ex-treinador corintiano, que foi campeão mundial nos EUA em 1994 com a mais comum formação tática do país (quatro zagueiros, quatro meio-campistas e dois atacantes), aposentou o 3-5-2 que funcionou com Luiz Felipe Scolari apostando especialmente no talento da atual geração.
""Prefiro a linha de quatro homens atrás, que é tradicional do futebol brasileiro. Com um zagueiro a menos, podemos ganhar um homem na armação", disse Parreira logo que assumiu o time nacional, explicando a grande razão para mexer no esquema do time que ganhou a Copa de 2002.
Com os laterais compondo o setor defensivo, e não mais o meio-campo, Parreira pode dar chance ao são-paulino Kaká, que em sua opinião é o melhor jogador em atividade no Brasil, a um dos talentosos ""meninos da Vila" ou ainda ao corintiano Gil, que funciona bem no 4-4-2 e no 4-3-3.
O Corinthians obteve sucesso na temporada passada atuando com três atacantes, algo que poderá ser experimentado também na seleção a partir de agora.
A equipe do Parque São Jorge, assim como o São Paulo, melhor time da fase de classificação do Brasileiro, e o Santos, o campeão do torneio, atuam com uma linha de quatro jogadores na defesa.
As principais revelações do futebol brasileiro nos últimos meses, portanto, ganharam espaço jogando no 4-4-2 -quando Scolari ganhou a Copa, o campeão brasileiro era o Atlético-PR, que venceu com o esquema 3-5-2.
Se a nova safra do futebol brasileiro tem suas chances aumentadas com o novo esquema da seleção, outras peças terão que se adaptar à nova situação.
Cafu e Roberto Carlos, que certamente seguirão com grande prestígio na equipe nacional, terão mais responsabilidade defensiva, mas a cobertura dos volantes (deverão ser pelo menos dois) permitiria o apoio de ambos ao ataque (era o esquema em 1994).
A disputa por um lugar na zaga obviamente cresce com a perda de uma vaga no setor. O gremista Anderson Polga e o ex-palmeirense Roque Júnior, dois dos preferidos de Scolari, são alguns dos zagueiros que podem ser mais sacrificados com o novo esquema.
Belletti e Júnior, laterais de muita velocidade que foram reservas na Copa-02, terão mais dificuldade para permanecer na seleção. Os corintianos Rogério e Kléber, bons no toque de bola e bem acostumados com o 4-4-2, provavelmente ganharão oportunidades.
Para a função de armador, Parreira tem várias e boas opções. No primeiro semestre, o treinador se encantou com o futebol de Ricardinho. O são-paulino teria condição de desempenhar de melhor forma o papel de Zinho em 1994 -o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, tentando convencer Parreira a assumir o cargo, teria usado o argumento de que a geração atual é melhor que a do tetra.
Para o ataque, seja com dois ou três homens (a princípio, deverão ser dois), a idéia é repetir o modelo Romário. ""A qualidade do jogador brasileiro é que vai decidir", disse Parreira, que já descartou o ""Baixinho" por sua idade.
A maior disputa na seleção deve ocorrer no lado esquerdo. Denílson, Robinho e Gil são concorrentes no setor ofensivo. Rivaldo e Ricardinho, dois nomes que certamente estarão nas listas de convocados, são canhotos.


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