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Rifa de bicicleta bancou salto de Ketleyn
DO ENVIADO A PEQUIM
"Priorizar o judô sempre foi
minha escolha, e não tem como a gente sentir saudade do
que não conhece." A explicação para o sucesso de Ketleyn
Quadros é simples assim.
Desde cedo, ela percebeu
que o caminho para vencer dependia de muita transpiração.
"Ela veio de longe, de família
pobre. Foi em busca de algo e
sabia que não poderia voltar
atrás. Com ela não tem tempo
ruim. É disciplinada e cumpre
tudo à risca sem reclamar", diz
Floriano Almeida, técnico de
Ketleyn no Minas, onde atua
desde o início de 2006.
No ano passado, depois de
perder uma seletiva para o
Mundial num domingo, ela
voltou ao tatame na segunda.
"Estava de folga, mas nem
quis saber", lembra Almeida,
para quem a judoca ainda tem
muito a evoluir tecnicamente.
Mais velha de três irmãs, a
atleta procurou o clube mineiro para aprimorar seu treino.
Robert Rodrigues, técnico
de Ketleyn no DF entre 2001 e
2005, conta que a aconselhou a
procurar um clube com mais
estrutura, onde os atletas visassem grandes competições.
Aceita em Belo Horizonte,
ela precisou bancar a taxa de
transferência da federação do
DF para a mineira.
"Não tínhamos dinheiro, e a
mãe da [judoca] Érika [Miranda] arrumou uma bicicleta,
que rifamos para pagar a taxa.
O cheque quem deu foi ela,
porque eu não tinha cheque na
época", conta a cabeleireira
Rosemary Lima, mãe de Ketleyn. As famílias da leve e da
meio-leve (cortada por lesão)
são amigas, e as filhas dividem
acomodação numa república.
Os momentos com a família
são raros. "Ela, de vez em
quando, passa um final de semana em Ceilândia. O mês inteiro, só em dezembro, quando
tem férias", diz Rosemary, que
fez uma vaquinha com amigos
para comprar a passagem para
ver a filha lutar na China.
Era a realização de um sonho que a garota expressara
aos dez anos. Numa redação
escolar, lembra a mãe, Ketleyn
registrou que iria à Olimpíada.
Na época, ela já trocara as
aulas de natação pelo judô. Estava matriculada para nadar
no Sesi de Ceilândia. "Chegava
cedo e ficava vendo o treino do
judô, fascinada com as lutas.
Acabei indo para o tatame", diz
a flamenguista Ketleyn.
Fã de pagode e namorada de
um jogador de futsal, a judoca
tem pouco contato com o pai,
que escolheu seu nome. "É
meio ausente. Tenho duas irmãs, da minha mãe. Dele não
sei quantos tenho."0
(LF)
Colaborou a Sucursal de Brasília
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