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GINÁSTICA
"Teatro" vira arma da seleção na final de hoje
Pela 1ª vez na decisão, brasileiras tentam subir posição de Mundial
BRASIL
Ginastas disputam hoje final inédita por equipes. Horário: 23h30
EDUARDO OHATA
ENVIADO ESPECIAL A PEQUIM
Valeu de tudo para o Brasil
chegar pela primeira vez à final
por equipes da ginástica artística da Olimpíada, que ocorre hoje à noite. Até teatro durante as
sessões de treinamento.
Para simular nos treinos situações de tensão, que as ginastas encontram nas competições, Eliane Martins, supervisora da Confederação Brasileira de Ginástica e chefe de equipe na Olimpíada, lança mão regularmente da dramaturgia.
A dirigente incorpora o papel
de juradas de diversos países.
""A ginástica exige concentração. A cabeça é mais do que
50%. Existem ginastas que são
superboas de treino, acertam
tudo. Mas, na hora da competição... ela deixou de ser boa, está
despreparada?", questiona
Eliane. ""O psicológico deixa a
ginasta estressada, nervosa."
Segundo ela, a solução para
driblar isso é reproduzir nos
treinos situações estressantes,
como a avaliação, durante as simulações de competição ""para
que ela saiba se posicionar".
""Tem dias que o Oleg [Ostapenko, técnico da seleção permanente] pede para eu ser uma
árbitra super-rígida. Uma russa, ou ucraniana, que é contra a
gente. Nesse dia, eu desconto
até pensamento. Sou muito rigorosa, ajo como um inimigo."
Eliane crê que esse problema
específico será amenizado na
final de hoje, pois serão escalados árbitros neutros. Contudo
outros membros da delegação
brasileira, como Renato Araújo, técnico de Diego Hypólito,
apontam para a rigidez dos julgadores nos Jogos de Pequim.
A Folha apurou que as árbitras, especialmente as do júri
feminino, foram instruídas a
adotar o maior rigor possível.
Também as deduções de pontos ficaram muito mais rígidas
desde a Olimpíada de Atenas.
Durante as interpretações de
Eliane, ao punir flexionamento
de perna que não poderia ocorrer, ela tem a opção de descontar entre 0,10 e 0,30 ponto.
""Se sou condescendente com
você, eu lhe tiro 0,10. Se eu
quero ser super-rígida, tiro
0,30. Essa subjetividade é a
grande diferença. Depois, eu
me sento com os treinadores e
explicamos às atletas. Elas têm
de ter esse parâmetro."
O Brasil experimentou maus
momentos com a arbitragem
anteontem, na fase classificatória. Foi apontado que Daiane
dos Santos pisou fora da linha
no solo, o que revoltou a ginasta, a presidente da CBG, Vicélia
Florenzano, e Eliane.
""Quando o Brasil não era páreo, tinha país que vinha e dizia: "Puxa, parabéns, como o
Brasil está bom". Aquele país
estava em sexto, e a gente, em
20º. Nota que podia ser 8,50, o
árbitro daquele país dava 8,70,
que beleza", diz Eliane. ""Hoje
esse país já não elogia, porque
melhoramos mais do que eles.
O árbitro que antes dava 8,70
hoje dá 8,30, 8,40, pois a gente
já passa a ser concorrente."
Após já ter melhorado o nono lugar de Atenas-04, as brasileiras lutam para ver se superam o quinto lugar do Mundial
de 2007, além de aprimorar
elementos e estudar as rivais
para as finais individuais.
Na classificatória, anteontem, as brasileiras ficaram em
sétimo na disputa por equipes,
que será marcada hoje pelo
choque entre China e EUA.
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