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"Amarelão" nada como nunca e se redime
DA ENVIADA A PEQUIM
A reputação de Jason Lezak
não era das melhores. Ostentava duas medalhas olímpicas de
bronze em revezamentos, pouco para o país com o principal
time do planeta. Em provas individuais, nunca havia subido
ao pódio. Entre os americanos,
tinha fama de "amarelão".
Mas Lezak chegou a Pequim
disposto a apagar de vez a má
impressão. E nenhuma prova
seria tão perfeita quanto o 4 x
100 m livre, chance do segundo
ouro de Michael Phelps, para
redimir a falha em Atenas-04.
Há quatro anos, Phelps não
superou os sete ouros de Mark
Spitz na Olimpíada de Munique-1972 porque foi bronze no
revezamento e nos 200 m livre.
Lezak caiu por último na
água. Os EUA estavam meio
corpo atrás de Alain Bernard,
recordista mundial até então,
que nadava rumo ao recorde
em uma das mais impressionantes disputas da história.
O americano, calvo, 33 anos,
veterano de um time de jovens,
no entanto, não se intimidou.
Na última braçada, Lezak venceu a prova, estraçalhou o recorde mundial (3min08s24) e
colocou no peito de Phelps a segunda medalha de ouro.
"Não vou mentir. Quando
mergulhei, pensei: "Não tem
jeito". Mas, no instante seguinte, lembrei que eram os Jogos
Olímpicos e que eu não ia desistir. Aumentei o ritmo", diz.
"Nunca perdi a esperança.
Não sei como pude nadar tão
rápido, porque nunca fui capaz
de nadar nem perto disso nos
últimos 50 metros."
Em sua parcial, Lezak nadou
em 46s06. Na abertura da prova, o australiano Eamon Sullivan bateu o recorde mundial
com 47s24. A marca era do
francês Bernard, prata no revezamento, à frente da Austrália.
Lezak treina sozinho, sem
técnico, desde o ano passado.
Seus treinos solitários ficaram
famosos e atraíram vários atletas à Califórnia para dividir a
piscina com ele. Costuma cair
na água no intervalo do almoço.
"Não posso explicar o que
aconteceu, foi irreal. Fiz parte
dos times nos últimos dois Jogos e fiquei para trás, queria
vencer mais do que ninguém,
não só por mim, mas para mostrar que somos o time a ser batido no revezamento. Era a
chance da minha carreira."
Ele é uma espécie de líder dos
velocistas americanos e fez
questão de dizer que o resultado era mérito da equipe. "Sempre dizemos que são 400 m, e
não quatro nadando 100 m.
Não podemos expressar o
quanto estamos felizes em fazer parte da equipe", afirma Lezak, que tentará repetir seu
tempo nos 100 m livre.
Questionado se iria receber
parte do prêmio de US$ 1 milhão oferecido a Phelps em caso
de quebra do recorde de Spitz,
mostrou que não era prioridade. "Acho que Michael sabe que
não fizemos isso por ele. Ele foi
parte disso, e nós também. Se
ele ganhar oito ouros ou não,
não será nossa responsabilidade. Mas ele não será lembrado
como o cara do revezamento
que não levou o ouro."
(ML)
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