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VIOLÊNCIA
Conflito afeta rendimento da Geórgia na Olimpíada
Forte em judô e tiro, equipe do país tem apenas um bronze até agora
Guerra com a Rússia faz atletas defenderem volta
à terra natal e até irem ao aeroporto, mas governo decide mantê-los na China
ADALBERTO LEISTER FILHO
ENVIADO ESPECIAL A PEQUIM
RAUL JUSTE LORES
DE PEQUIM
O conflito com a Rússia está
atrapalhando o desempenho da
Geórgia nos Jogos de Pequim.
A falta de informações sobre família e amigos tem tirado a
concentração da pequena delegação, de 35 atletas.
Apesar de ser forte em alguns
esportes cujas competições já
tiveram início -levantamento
de peso, judô e tiro-, o país
conquistou até o final das competições olímpicas da manhã
de ontem só um bronze.
"Vários atletas acharam que
era melhor voltar, nosso país
estava sendo atacado", disse à
Folha o porta-voz da delegação, Giorgi Tchanishvili.
A guerra é por conta de disputa pela Ossétia do Sul, Província da Geórgia. Parte da população quer se separar do país
e aderir à Rússia. A estimativa
dos governos é que o conflito,
que se estende a outras regiões,
tenha feito 2.000 mortos.
Na delegação olímpica, a indefinição sobre a permanência
em solo chinês era muito grande até sábado. Houve um vai-e-vem de informações no prédio
da delegação na Vila Olímpica.
Os atletas chegaram a ser informados de que a Geórgia comunicaria oficialmente sua desistência da Olimpíada.
Com essa informação, houve
atletas que deixaram a Vila e seguiram até o aeroporto para
tentar trocar suas passagens.
O problema é que, caso deixasse Pequim logo após a cerimônia de abertura, a Geórgia
poderia ser punida pelo COI,
com a suspensão do país dos
próximos Jogos Olímpicos.
De madrugada, por volta das
3h, houve uma reviravolta, com
uma ordem, vinda diretamente
do presidente da Geórgia, Mikhail Saakashvili, para que o
grupo competisse.
A decisão foi comunicada aos
atletas pela primeira-dama,
Sandra Roelofs, que está em
Pequim com a delegação.
"O presidente afirmou que
seria importante que lutássemos pelo futuro dos esportes
em nosso país", afirmou Tchanishvili, porta-voz da equipe.
A boa notícia para os georgianos veio horas depois, anteontem, quando Nino Salukvadze
levou a medalha de bronze na
prova da pistola de ar de 10 m.
Dividindo o pódio com a russa Natalia Paderina, que levou a
prata, as rivais se cumprimentaram com um beijo no rosto.
"No esporte, continuamos amigas. Se o mundo aprendesse essa lição, não haveria guerra",
ensinou Paderina.
Tchanishvili afirmou que,
apesar dos contratempos, os
georgianos mostrarão sua força
"em arenas esportivas, não em
campos de guerra". Lembrou
que, quando deixou o país, a situação já era tensa.
Longe dos campos de batalha, hoje, às 23h, a Geórgia enfrentará a Rússia no vôlei de
praia. Cris e Andrezza, brasileiras naturalizadas georgianas,
jogam contra Shiryaeva e Uryadova. Quem vencer continua na
busca pela classificação às oitavas-de-final. As perdedoras serão eliminadas. "Darei o meu
melhor para vencer as russas.
Ficarei muito feliz se conseguir
representar bem a Geórgia",
afirmou Cris (ou Saka, em seu
nome georgiano).
Na madrugada de hoje, os
georgianos estreariam na luta
greco-romana, uma de suas
maiores esperanças de medalha, com David Bedinadze e
Lasha Gogitadze. E poderá haver novos confrontos diretos.
"Os russos estão entre nossos
maiores rivais", comentou Bedinadze, atual campeão mundial na categoria até 60 kg.
2
OUROS
ganhou a Geórgia nas
três participações nos
Jogos até Atenas-2004,
desde que se separou da
URSS. No total, foram 12
medalhas -sem contar a
de Pequim, no tiro. O judô
foi quem rendeu mais pódios: quatro. Levantamento de peso (2), luta
greco-romana (3), luta livre (2) e boxe (1) foram
outros esportes em que o
país foi ao pódio.
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