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FUTEBOL
A volta do Mundial de Clubes
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL
A cabou a novela. O Mundial
de Clubes, o que foi criado
pela Fifa, vai emplacar mesmo.
Às vésperas do início da Champions League (belo Mundial de
Clubes), fórum com a nata dos times europeus deu enfim o braço a
torcer. O novo formato sugerido
para a disputa e o prometido retorno financeiro que ele deve oferecer são, no mínimo, muito bons.
Os argumentos dos poderosos da
Europa contra o Mundial de Clubes foram sendo atacados aos
poucos. E, no fundo, nem o mais
galáctico time do velho continente havia rechaçado o torneio.
Se o Real Madrid aceitou jogar
a primeira edição no Brasil, com
todos os problemas que ela teve,
por uma grana menor, em janeiro, sob forte calor e sem a devida
promoção, por que não entrar em
uma disputa curta no Japão, altamente rentável e com potencial de
marketing absurdo (é o que mais
os poderosos trabalham hoje)?
Quando a Conmebol aceitou
abrir mão do tradicional Mundial interclubes e os japoneses foram convencidos da melhoria do
produto, as coisas começaram a
pender para o lado da Fifa.
Os membros do G14, a elite dos
clubes, bateram o pé até muito
além do limite. Mais ou menos
como aquelas crianças que estão
loucas para entrar no jogo, são
convidadas várias vezes pelos
amiguinhos, mas que, por capricho, arrumam desculpas cada vez
menos convincentes para não
brincar e, no fim, entram no jogo.
Rummenigge, dirigente do G14
que foi o mais ácido nas críticas
ao Mundial de Clubes, agora deixa um único senão à participação
dos clubes mais tradicionais da
Europa na disputa da Fifa: ""Não
pode ser algo obrigatório".
Real Madrid e Milan, que ao lado do Arsenal são os grandes favoritos ao título europeu do ano
que vem, são megalomaníacos e
adoram a idéia de ser o melhor do
mundo. Vivem muito em função
disso, aliás. Assim como é certo
que eles brigarão pela taça da Copa dos Campeões, eles estarão no
Mundial de Clubes de 2005 se levarem o título continental.
Os clubes europeus são obrigados pela Uefa a jogar o Mundial
interclubes, que infelizmente promete ver na sua final derradeira a
menos atrativa de suas edições
contemporâneas. Mas, diplomaticamente, a Uefa não deve mesmo impor ao vencedor da Champions League a participação na
disputa da Fifa. Até porque não
está envolvida na organização
como no Mundial interclubes -a
European-South American Cup.
E, se o campeão não quiser, convite será feito ao vice, a um semifinalista ou a qualquer um dos
vários clubes do continente. Esse
convidado lucraria -insisto que
o campeão europeu deverá jogar
o Mundial - mais do que o Porto
neste ano contra o Once Caldas.
Sempre defendi aqui o Mundial
interclubes, sensacional duelo
que tem um valor inestimável,
histórico. Mas chegou a vez do
Mundial de Clubes, que só irá
mesmo ampliar a tradicional disputa que nas últimas décadas
aconteceu no Japão (a Copa do
Mundo começou com só dois continentes). Silvio Berlusconi, chefão do Milan, disse certa vez que o
Mundial seria de clubes, não de
seleções. O mundo dá voltas.
A Fiorentina, o Napoli e o São Paulo
A tradicional equipe de Florença, de volta à Série A na Itália para a
alegria de muitos, peregrinou algum tempo com outro nome (Florentia) após sua falência. O Napoli quebrou também e começa a se
reerguer com novo nome (Soccer), seguindo o exemplo da Fiorentina. O São Paulo Futebol Clube foi fundado em 1930 (São Paulo da
Floresta é só apelido), quebrou, usou outro nome por poucas semanas e voltou como era, São Paulo Futebol Clube, em 1935. Grande
parte da imprensa nacional e livros desassociam as duas fases são-paulinas porque o clube teve temporariamente que usar um outro
nome. O que fazer se a Fiorentina, por exemplo, for campeã do Italiano que começou ontem? Se for seguido o padrão (a meu ver equivocado) adotado para o São Paulo, grande parte da imprensa nacional e
livros terão que dizer que é só o primeiro título da Fiorentina.
E-mail - rbueno@folhasp.com.br
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