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EXCLUSIVO
Costurado acordo para inchar a Copa de 2006
FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC
A proposta da América do Sul
de inchar a Copa do Mundo de
2006 foi encampada pela Uefa, a
entidade que rege o futebol europeu, e, a menos que seja vetada
por alguma comissão da Fifa, deve ser aprovada em 3 de maio.
A Folha teve acesso a correspondência entre os presidentes da
Uefa, Lennart Johansson, e da
Conmebol, Nicolás Leoz, segundo a qual o sueco elogia a proposta sul-americana e insinua que a
Europa votará em peso na proposta de aumento do número de
seleções já em 2006.
O inchaço de 32 para 36 seleções
interessa principalmente à CBF.
Pela primeira vez na história, o
campeão mundial não tem garantida vaga na próxima edição da
Copa. E a seleção brasileira, assim
como outros cerca de 200 países
filiados à Fifa, terão que passar
por eliminatórias para chegar à
Alemanha, único país garantido.
Na correspondência, enviada
no último dia 10 de março, Johansson felicita Leoz pela escolha
da América do Sul como sede da
Copa de 2014 e informa seu apoio
à proposta de inchaço. "Você deve estar bem-humorado por saber
que há sinais de que sua proposta
sobre distribuição de vagas para
cada confederação na Copa vai alcançar aprovação da maioria", escreveu o presidente da Uefa.
Na carta, Jonhansson mostra
intimidade com o presidente da
Conmebol, que sofrera cirurgia
cardíaca dias antes: "Fiquei espantado e preocupado ao saber
de sua operação. (...) Sei que sua
amável mulher e seus filhos ficaram apreensivos, mas acredito
que eles estão felizes por saber
que tudo passou bem. Eles cuidarão bem de você e verão se você
seguirá as ordens médicas".
Se realmente votar em peso pela
mudança, a Europa garantirá a vitória da proposta da Conmebol,
que ganharia mais uma vaga no
qualificatório que começa em setembro -o número de classificados passaria de quatro para cinco.
A Folha apurou que, além da
carta, Johansson informou por telefone a Leoz a decisão da entidade européia de apoiar o inchaço
no Mundial -o continente também seria beneficiado, tendo na
Alemanha 16 representantes, contra os 14 pelo sistema em vigor.
No Comitê Executivo da Fifa, o
órgão que deliberará sobre a proposta no mês que vem, a Europa
tem peso importante. Possui oito
dos 24 votos -a aprovação é obtida com 12 votos favoráveis.
A América do Sul entra com outros três votos -Ricardo Teixeira
(CBF), Julio Grondona (Argentina) e Nicolás Leoz (CSF).
A Ásia tem quatro lugares no
comitê. A África, que também estaria inclinada a apoiar a proposta, tem outros quatro votos, um a
mais que a Concacaf, entidade das
Américas Central e do Norte.
A CBF, por intermédio de sua
assessoria, declarou que Ricardo
Teixeira, presidente da entidade,
está "otimista" para a votação.
Cabo eleitoral
Presidente do Comitê Organizador da Copa-2006, Franz Beckenbauer já aprovou publicamente o
inchaço no segundo Mundial a
ser realizado na Alemanha.
"Não seria um problema em
termos de organização", disse. Segundo a proposta da Conmebol,
seria necessária a adoção de uma
13ª sede na Alemanha, para abrigar mais seis jogos. O país-anfitrião informou que investirá cerca
de 1,4 bilhão para construção e
modernização de estádios.
A anuência de Beckenbauer seria mais um indício de que a Uefa
votará em bloco. Dificilmente o
ex-capitão se pronunciaria sem
antes conversar com os dirigentes
da Federação Alemã de Futebol.
Nem a opinião do presidente da
Fifa, Joseph Blatter, que se disse
contra o inchaço, preocupa os sul-americanos. O suíço só é chamado a votar se houver empate entre
os 23 representantes do órgão.
Se sacramentada a proposta, o
Comitê Executivo repetirá a política de João Havelange, o brasileiro que iniciou o inchaço do principal torneio da bola no planeta.
Depois de quase meio século
com 16 participantes (as exceções
foram Uruguai-30 e Brasil-50), o
Mundial começou a aumentar a
partir do momento em que o cartola assumiu o cargo, no meio da
década de 70. A primeira grande
modificação aconteceu em 1982,
na Espanha, quando 24 seleções
disputaram a competição.
Os principais beneficiados foram africanos e asiáticos, aliados
de Havelange. A Copa-82 teve
duas seleções da África, uma da
Ásia e outra da Oceania. Depois
disso, a Fifa manteve as 24 vagas
por mais três edições. Pouco antes
de se aposentar, Havelange bancou novo inchaço, na Copa-98.
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