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FUTEBOL
Meninos da Arena
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL
Van der Vaart, 20, Zlatan,
21, Pienaar, 21, Chivu, 22,
Yakubu, 21, Pasanen, 22, Maxwell, 21. A molecada do Ajax é a
grande surpresa nas quartas-de-final da Copa dos Campeões.
O empate sem gols com o Milan
em Amsterdã, pior para o time
holandês do que para o gigante
de Milão, não tirou as chances
dos Meninos da Arena, mas esses
dificilmente alcançarão o título
(como os Meninos da Vila, que
chegaram ao mata-mata do Brasileiro como a oitava força).
No entanto a ""escolinha" do
Ajax de novo desafia o poderio financeiro dos coirmãos do G-14
(os oito que sobraram são sócios,
assim como o Porto, virtual campeão da Copa da Uefa). Não é
qualquer um que possui a coragem de escalar um time com média de idade de 23 anos no mata-mata do melhor interclubes do
planeta, no qual desfilam Zidane,
Beckham, Ronaldo, Del Piero, Figo, Rivaldo, Roberto Carlos (o
Real figura bem nessas listas)...
O Milan entrou em campo em
Amsterdã com uma equipe retrancada e mais que experiente:
Maldini, 34, Costacurta, 36, Rui
Costa, 31. A média de idade do time inicial? "Apenas" 28,7 anos.
O único "trintão" do Ajax, Galásek, 30, deu lugar a Sneijder, 18.
Do outro lado, Seedorf (não formou-se como Menino da Arena
porque na sua época o estádio só
engatinhava, mas seu sobrinho
atua com frequência no time
principal e, por tabela, na nova
casa do Ajax) deu lugar ao não
menos rodado lateral Serginho.
Se a coluna celebra (revelei outras vezes minha simpatia pela
equipe holandesa) mais uma boa
geração do Ajax (muito inferior
às dos anos 70, 80 e 90), também
destaca a falta de identidade dos
Meninos da Arena com o clube.
Entre os titulares que enfrentaram o Milan, apenas um holandês: Van der Vaart. O Ajax apostou em dois romenos, um tunisiano, um finlandês, um americano,
um sul-africano, um ganense, um
tcheco, um brasileiro e um sueco.
Com toda a sua força econômica, o Milan se guiou pela "italianada": Nesta, Maldini, Costacurta, Gattuso, Ambrosini e Inzaghi.
Esses três defensores, esses dois
meio-campistas e esse atacante
explicam bem o único 0 a 0 das
partidas de ida das quartas.
O técnico Carlo Ancelotti deixou Rivaldo no banco de reservas
e, quando o colocou no jogo, sacou Shevchenko. A questão aqui
não é se ele fez certo ou não, e sim
uma bem maior: os estrangeiros
do Milan vivem situação pouco
confortável (isso vale para titulares, como Rui Costa, e reservas,
como Serginho e Roque Júnior).
O Ajax, por sua vez, valoriza
mais neste momento seus ""olheiros" e ""times B" pelo mundo do
que as ruas de Amsterdã (não
descobri até hoje a veracidade da
lenda de que nove jogadores do
lendário Ajax de Cruyff moravam e brincavam na mesma rua).
Van der Vaart, o mais talentoso
dos Meninos da Arena, poderá
até herdar o trono de Van Basten
ou Bergkamp, mas será apenas
um. Van der Meyde, seu bom parceiro e conterrâneo, esquenta o
banco de reservas e dá vez para
gringos de qualidade discutível.
Bons tempos quando o Ajax era
Meninos da Rua, não da Arena.
Meninos da Luz
O mascote da Euro-2004 é um simpático garoto chamado Kinas. Mas
uma molecagem ronda o guri, cujo nome já pertencia a pelo menos
uma empresa (que luta com a organização do torneio por isso).
Meninos do Monumental
D'Alessandro, 21, e Cavenaghi, 19, são o Diego e o Robinho do River
Plate. O Corinthians só deveria se preocupar com esses garotos.
Meninos da Vila
O Santos tem um caminho relativamente tranquilo até a decisão da
Libertadores, sendo mandante no jogo de volta nas oitavas, nas quartas e na final (se lá chegar). Porém a Conmebol garantiu à coluna que
a Vila Belmiro, por sua capacidade, não vai abrigar a decisão.
E-mail rbueno@folhasp.com.br
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