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FUTEBOL
Chileno volta ao palco da farsa, onde hoje pode virar líder do Brasileiro
Com São Paulo, Rojas tenta exorcizar seu "Maracanazo"
MARÍLIA RUIZ
DA REPORTAGEM LOCAL
Quando subir os degraus do
Maracanã para acompanhar São
Paulo e Fluminense, hoje, às 16h,
Roberto Rojas estará pronto para
dar a volta por cima em sua carreira, encerrada, no mesmo lugar,
há quase 14 anos.
Agora técnico do São Paulo, vice-líder do Brasileiro até o início
da rodada, Rojas não tem boas
lembranças do maior estádio do
mundo. Lá, ele morreu como atleta quando promoveu uma das
maiores farsas do futebol. Assunto proibido para ele, que responde com sisudez todas as vezes em
que é questionado sobre o tema.
"Não quero falar sobre isso. Ficou no passado. Não terá nada de
especial [voltar ao Maracanã]. É
um campo bom, grande, ótimo
gramado para jogar", afirmou
Rojas secamente anteontem.
Depois de simular ter sido atingido por um sinalizador na partida de seu país contra o Brasil, que,
naquele 3 de setembro de 1989,
valia a classificação para a Copa
da Itália, o chileno nunca mais pôde jogar futebol. Foi banido pela
Fifa, que também suspendeu a seleção do Chile por oito anos.
O tempo passou, Rojas pagou
pelo seu "pecado" e voltou ao
Brasil para ser o preparador de
goleiros do São Paulo no meio da
década passada, a convite do técnico Telê Santana. Desde então,
não mais deixou o Morumbi.
Esteve à sombra de muitos técnicos durante sete anos. Agradecido por tudo que o clube fez por
ele, aceitou num sábado à noite
assumir um time órfão e em crise.
De lá para cá, são mais de dois
meses e apenas uma derrota em
12 partidas disputadas.
Os jogadores adoram Rojas, a
quem creditam o bom momento
que a equipe vive depois que ele
assumiu a vaga deixada pelo demitido Oswaldo de Oliveira.
"Ele é um paizão. Fala a nossa
língua e tem tudo a ver com a recuperação do time no Brasileiro",
disse o atacante Luis Fabiano.
Outro ferrenho defensor do técnico é Jean. "Com o novo esquema [com três ou quatro volantes],
o São Paulo melhorou bastante."
O zagueiro também se irritou
quando foi questionado sobre o
episódio do Maracanã. Tomou as
dores de Rojas e disparou: "Ele
tem vida nova agora. Para que isso? Deixem-no em paz."
E a paz está reinando. Com desfalques, sem desfalques, com um
zilhão de volantes ou com Kaká,
Ricardinho e Luis Fabiano em estado de graça, o time vai galgando
posições na tabela.
Os dirigentes estão muito satisfeitos. Apostaram em um "tampão" que dá resultado e economizam, pelo menos, R$ 70 mil por
mês -já que Rojas recebe R$ 28
mil, bem menos do que o clube
ofereceu a Tite, R$ 100 mil.
O chileno ganha menos do que
a maioria dos atletas do clube
-Ricardinho, por exemplo, ganha R$ 160 mil (fora luvas). O seu
salário também é inferior aos rendimentos de seus antecessores no
cargo: Oswaldo de Oliveira (temporadas 2002 e 2003) recebia R$
140 mil; Nelsinho Baptista (2001 e
2002), R$ 90 mil; Osvaldo Alvarez
(2001), R$ 50 mil; e Levir Culpi
(2000), R$ 160 mil.
"O São Paulo está em boas
mãos. Foi uma ótima escolha",
afirmou o diretor de futebol do
clube, Juvenal Juvêncio.
O inferno astral de Rojas pode
acabar hoje. O São Paulo pode terminar a rodada na liderança do
Brasileiro se ganhar no Maracanã.
NA TV - Globo (apenas para
SP) e Record (para São Paulo
e Belo Horizonte), ao vivo, às 16h
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