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Brasileiro-08 maltrata a bola e tem poucos gols
Times registram as piores médias de toques e dribles na era dos pontos corridos
Número de gols se equipara ao do retrancado futebol italiano, enquanto total de passes não é nem a metade da virtuosa "Fúria" espanhola
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O principal torneio de futebol do país trata mal a bola em
2008. E vê uma pequena queda
na média de público, o que interrompe crescimento verificado nos últimos anos.
Nunca na era dos pontos corridos, sempre contando as dez
rodadas iniciais, o Brasileiro teve números tão ruins em itens
que o torcedor adora: gols, toque de bola e dribles.
Com mais de um quarto das
rodadas disputadas, o Nacional
(sem contar os jogos de ontem)
tem média de 2,55 gols por jogo. É a primeira vez em seis edições com as atuais regras que
nas dez primeiras rodadas esse
número fica abaixo de 2,6.
Mantido esse ritmo, o Brasileiro-08 vai terminar com média de gols igual ou inferior à da
liga do país famoso pela retranca. O último Campeonato Italiano teve 2,55 gols por partida.
Não é à toa: o Nacional tem a
segunda pior média de finalização a gol desde 2003 -são apenas 13,4 em média por jogo. Só
supera o número do ano passado, que foi de 12,8.
Se muitos gols nem sempre
significam bom futebol -o fraco Campeonato Holandês supera os três tentos por duelo-,
a péssima qualidade no passe e
a falta de dribles explicam melhor a pobreza do Brasileiro,
que já não tem mais a concorrência de torneios como a Copa
do Brasil e a Libertadores.
Por conta da disputa dessas
competições, vários clubes optaram por reservas em muitas
das rodadas no Nacional.
Desde que o Datafolha passou a tabular dados de jogos de
futebol, na década de 80, nenhum Nacional teve um número tão baixo de trocas de passes
como a edição atual.
A cada partida são 518 passes,
ou 259 por equipe. É uma queda de 7% sobre o ano passado.
A Espanha ganhou recentemente a última Eurocopa encantando justamente por sua
intensa troca de passes. Foram,
segundo dados oficiais da Uefa,
569 trocas de bola por jogo.
No Brasileiro-08, o único clube a superar a barreira de 300
passes por jogo é o Palmeiras.
Além da quantidade, o passe
também decepciona na qualidade. O índice de acerto no fundamento está em 80,7%. Em
2003, foi de 82,9%.
O torcedor nacional tampouco pode vibrar com dribles no
atual campeonato.
Na era dos pontos corridos,
que começou em 2003, esta é a
edição com menos fintas. São
apenas 22 tentativas por partida, uma queda de 30% em relação ao que acontecia, por exemplo, há cinco anos.
Menos torcida
Tanta mediocridade parece
ter sido notada pelo torcedor.
O atual Nacional breca a tendência de crescimento no número de ingressos vendidos. Há
uma pequena redução na média em relação ao ano passado,
mesmo com o Flamengo, dono
da maior torcida do país, na liderança e elevando o total.
Depois de dez rodadas, cada
partida tem uma média de
14.125 torcedores (sem contar
Vasco x Sport, anteontem, ainda não computada no site da
CBF). No ano passado, no mesmo número de jornadas, esse
número era de 14.664.
Dos 20 participantes, 12 não
atingem em 2008 a média do
ano passado. Nesse grupo estão
os quatro representantes paulistas. São Paulo, Palmeiras,
Santos e Portuguesa, aliás, não
conseguem nem ultrapassar a
barreira dos 10 mil pagantes
por jogo, ou menos da metade
do que o Corinthians faz na segunda divisão.
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