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CBA desiste de Jacarepaguá
Confederação assina acordo por novo autódromo no Rio, abrindo mão de pista desfigurada pelo Pan
Presidente da federação de automobilismo alerta que não conhece o projeto nem sabe se local conta com a estrutura para receber pista
SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO
Pivô de uma das maiores polêmicas do Pan, o autódromo
de Jacarepaguá já tem um
substituto. Ao menos no papel.
Ou apenas nele.
Segundo acordo assinado pela CBA (Confederação Brasileira de Automobilismo), Prefeitura do Rio, COB (Comitê
Olímpico Brasileiro) e Ministério do Esporte, um novo autódromo do Rio será construído
em uma área cedida pelo Exército na zona oeste do Rio.
Com a inviabilização de Jacarepaguá após as obras do Pan, a
CBA concordou no último dia
do mês passado em instalar o
novo autódromo num terreno
em Deodoro, bairro que é uma
Vila Militar. O ministério ofereceu para a CBA também uma
área militar em Santa Cruz, que
dificilmente será aceita por
causa da distância com os aeroportos principais da cidade.
""O acordo nos agradou. Fica
numa área militar, que nos permitirá realizar provas até de
noite sem problemas, o que está ficando difícil até em Interlagos. Fora isso, deixamos claro
que nada será feito no antigo
autódromo enquanto o novo
não for entregue", disse o presidente da CBA, Paulo Scaglione.
O traçado da pista do autódromo de Jacarepaguá foi desfigurado no ano passado com a
construção de três arenas para
o Pan (parque aquático, velódromo e arena multiuso). No
local, a prefeitura e o governo
federal gastaram quase R$ 200
milhões nas três obras.
Segundo o secretário-geral
do COB, Carlos Roberto Osório, a prefeitura se compromete
a gastar pelo menos R$ 60 milhões na obra do autódromo em
Deodoro e já conseguiu a liberação da área pelo Exército.
O restante seria pago com dinheiro do Ministério do Esporte ou da iniciativa privada.
Segundo Scaglione, o novo
autódromo deverá custar cerca
de R$ 100 milhões.
Se o Rio vencer a disputa para sediar os Jogos de 2016, o autódromo de Jacarepaguá acabará. O comitê de candidatura
do Rio pretende construir lá o
Parque Olímpico do Rio, que
terá o Centro Nacional de Treinamento (quatro pavilhões) e o
Centro Nacional de Tênis. Caso
a cidade perca, os envolvidos no
acordo assinado no final de junho se comprometem a reformar o antigo autódromo, que
ficará com o traçado reduzido.
As arenas erguidas em Jacarepaguá contribuíram para o
atraso das obras do Pan. Antes
de o governo federal e a Prefeitura do Rio bancarem a construção das três arenas com dois
anos de atraso, o consórcio Rio
Sport Plaza levou a licitação para levantar o complexo.
No acordo, o consórcio tinha
o direito de explorar o local e o
seu entorno por 50 anos, renováveis por mais 50. A obra custaria cerca de R$ 500 milhões e
ganhou oposição da CBA, que
não aprovou o projeto. O impasse entre a confederação e os
organizadores dos Jogos levou
a polêmica para a Justiça.
Pela decisão da Justiça do
Rio, a prefeitura teria que iniciar a reforma do autódromo de
Jacarepaguá a partir do dia 1º, o
que não aconteceu por causa do
acordo assinado recentemente.
Já o presidente da Federação
de Automobilismo do Estado
do Rio, Djalma de Faria Neves,
é mais cético em relação à construção do novo autódromo.
""Estou pressentindo que assinaram um papel e estão tratando o fato como definitivo.
Vamos devagar com o andor.
Acho que as coisas não funcionam bem assim", disse Neves,
que já sobrevoou o terreno na
Vila Militar. ""A área é muito
boa, mas ainda não vimos muitas coisas. Não fomos apresentado ao projeto, não sabemos se
o local tem infra-estrutura para
receber um autódromo. Não
vou sair detonando [esta notícia]", afirmou o dirigente.
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