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PEQUIM2008
César Cielo, raia 8
NA FINAL DOS 100 M LIVRE, VELOCISTA LARGA DA POSIÇÃO MENOS NOBRE PARA CRAVAR
O MELHOR TEMPO DE SUA VIDA , GANHAR O BRONZE E FALAR QUE SERÁ OURO NOS 50 M
Satiro Sodré/CBDA/Divulgação
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Cielo vibra com o bronze dos 100 m livre, no Cubo d'Água
MARIANA LAJOLO
ENVIADA ESPECIAL A PEQUIM
A raia era a mesma em que,
há 12 anos, Fernando Scherer
conquistara a última medalha
individual para a natação brasileira em Jogos Olímpicos.
César Cielo entrou na final
dos 100 m livre com o pior
tempo das semifinais. Mas lá,
escondido na lateral da piscina, nadou como nunca. Com
47s67, conquistou a medalha
de bronze, a primeira da natação brasileira em Pequim, a
quarta do país nos Jogos.
"Eu sonhei nesta noite [a
anterior à prova] que chegava
em terceiro, mas aí eu acordei
e lembrei que nadava na raia
8", afirmou o nadador, 21, aos
prantos, em entrevista à TV logo após sair da piscina.
Cielo marcou 47s67, melhor
tempo de sua vida e mesma
marca do americano Jason Lezak, herói do revezamento 4 x
100 m dos EUA. Os dois recebem a medalha. O vencedor
foi o francês Alain Bernard
(47s21), seguido pelo australiano Eamon Sullivan (47s32).
"Eu ainda não sei como fiz
isso. Estava na raia 8, pensei
que pior que isso não podia ficar. Entrei para ir para cima,
em nenhum momento eu
olhei para o lado. Quando começou a doer, no finalzinho,
eu só me concentrei para
agüentar, forçar mais um pouquinho dentro de mim mesmo. Foi sem dúvida minha
melhor prova", afirmou o brasileiro, que hoje disputa as eliminatórias dos 50 m livre.
"Agora vou ganhar esses 50",
completou o nadador paulista.
A última medalha da natação do Brasil em Olimpíadas
havia sido conquistada pelo
revezamento 4 x 100 m livre,
bronze em Sydney-2000.
"Eu me benzi umas 37 vezes
e bati umas 500 no meu corpo.
Minha cabeça estava em outro
planeta. No balizamento, olhei
e pensei que só tinha três medalhas para aqueles oito nadadores. Aí me toquei que estava
na briga por uma", disse Cielo.
O nadador, natural de Santa
Bárbara d'Oeste, começou a
despontar em torneios pelo
interior paulista. Aos 15, foi
chamado para treinar no Pinheiros, em São Paulo.
Nos últimos anos, ele passou a treinar e estudar nos
EUA, onde se tornou o melhor
nadador universitário do país.
Aluno da Universidade de Auburn, Cielo pouco saía e tinha
de respeitar uma cláusula em
seu contrato que lhe sugeria
não arrumar uma namorada.
Após o Pan do Rio, em 2007,
decidiu que se tornaria profissional. O empresário escolhido foi Fernando Scherer, seu
amigo e ídolo nas piscinas.
A vida sozinho e cheia de regras ajudou o nadador a manter a disciplina nos treinos.
Para assegurar que ele tivesse as melhores condições de
preparação para Pequim, a
Confederação Brasileira de
Desportes Aquáticos o incluiu
em uma "tropa de elite", que
ganhou atenção especial e teve
viagens para treinos e competições no exterior bancadas
com verba da Lei Piva e da lei
de incentivo fiscal ao esporte.
A entidade também incluiu
seu treinador, o australiano
Brett Hawke, na comissão técnica da seleção brasileira.
Já na competição em Pequim, nadou bem a abertura
da eliminatória do revezamento 4 x 100 m livre, com
47s90. Mas não repetiu o mesmo desempenho nos classificatórios para os 100 m livre.
Na primeira disputa, passou
mal e terminou a prova esgotado, mostrando-se decepcionado com sua performance.
A pressão era ainda maior
com a enxurrada de recordes
deste ano. Os 100 m livre tiveram uma seqüência impressionante de quebras em 2008.
Até 20 de março, o holandês
Pieter van den Hoogenband
detinha a marca de 47s84, que
perdurava por quase oito anos.
Em março, Bernard nadou em
47s60, depois em 47s50. Em
agosto, Sullivan fez 47s24. No
Cubo d'Água, o recorde trocou
de mão duas vezes e ficou mesmo com Sullivan, 47s05.
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