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MADE IN CHINA
Loira é tudo igual
LOIRAS POR CONTRATO, MODELOS BRASILEIRAS BUSCAM NA CHINA PONTO DE PARTIDA PARA SUAS CARREIRAS
EDGARD ALVES
ENVIADO ESPECIAL A PEQUIM
Loirinhas. Elas fazem muito
sucesso na China. E essa condição tem ajudado o trabalho da
gaúcha Patrícia Fleck e da mato-grossense Roberta Godoy,
modelos brasileiras que atuam
temporariamente em Pequim.
"Os chineses gostam de loiras. Engraçado é que não distinguem. Para eles, parece que
são todas iguais, como nós confundimos um chinês com outro", afirmou Patrícia.
Roberta Godoy, de Cáceres
(MT), viu a vida pacata revirar
da noite para o dia. Desde
criança gostava de moda, até
que, há um ano, participou de
um concurso de uma agência.
"Soube que houve 1,4 milhão
de inscrições. Fiquei entre as
24 finalistas", contou. Poucos
dias depois, já estava arrumando as malas para Pequim.
Os pais, com os quais ela
mantém contato diário pela internet, moram em uma fazenda. Eles produzem e vendem
queijo e requeijão.
A modelo conta que enfrentou dificuldades no início porque seu inglês é fraco. O maior
susto levou no primeiro trabalho, quando o fotógrafo não a
queria pela dificuldade de comunicação. Fez as fotos.
Hoje tenta melhorar o inglês
e aprender palavras em chinês.
O projeto é levantar dinheiro
para cursar uma faculdade no
futuro, uma vez que pretende
trabalhar mais tempo na Ásia.
"Estou satisfeita. Não ganho
muito dinheiro. É que nunca
ganhei nada antes. Paguei minhas contas aqui e vou levar algumas economias na volta."
Patrícia, apesar do pouco
tempo em Pequim, até já arrumou namorado. É o médico
brasileiro Daniel Magalhães
Souza, 28, que se especializa
em medicina chinesa.
Natural de Bento Gonçalves
(RS), Patrícia ministrou aula de
dança na sua cidade, onde também atuava como modelo, ajudava a mãe na cantina de uma
escola e cursou educação física
durante 18 meses.
"Troquei tudo empolgada
com a chance de modelo. Quando surgiu uma oportunidade,
fui para São Paulo. Sofri, mas as
coisas foram melhorando."
Ela conta que é a primeira
vez que trabalha no exterior.
"Mas logo volto para o Brasil."
Diz que não consegue ficar
muito tempo longe da família.
Além disso, os vistos para a atividade de modelo, segundo ela,
são curtos. O trabalho envolve a
agência que envia a modelo e
uma outra local.
"Pagam passagem aérea, despesas de alojamento, alimentação (verba semanal) e uso de
carro para o trabalho. Devolvemos tudo com o trabalho inicial", declarou Patrícia.
A agência abre uma conta
bancária para a modelo, e todo
dinheiro dos trabalhos é depositado. No final, descontadas as
despesas, o dinheiro é dividido
entre a modelo e as agências.
"Quando tem trabalho, como
agora, vale a pena. Se não, você
retorna ao seu país e os gastos
ficam por conta das agências,
como investimento", disse.
Patrícia e Roberta dividem
um dos três quartos de um
apartamento, com ampla sala,
cozinha e área de serviço. Os
móveis são simples. Dois quartos estão vazios no momento,
mas a agência tem a prerrogativa de ocupá-los com novas modelos que chegarem a Pequim.
A rotina da dupla brasileira
tem sido intensa. São apanhadas logo às 8h em casa por uma
funcionária da agência e levadas para "casting" em empresas, uma espécie de teste ao
qual são convocadas modelos
de várias agências. As selecionadas podem trabalhar no
mesmo dia (foto, hostess etc).
"O trabalho é bom", falou.
No geral, Patrícia acha os chineses reservados, o que lhe propicia conforto na atividade.
"Só uma vez houve constrangimento. Eu estava sendo fotografada para um comercial, de
fio-dental e os cabelos cobrindo os seios. Aí, eu percebi um
chinês tirando fotos com o celular, por trás. Exigi a saída dele", revela Patrícia, ressaltando
esse como um caso raro. Afirma
que recebe elogios sempre discretos e, nas baladas, "a turma
olha, mas não chega".
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