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FUTEBOL
Diferença entre o líder e o último é a menor entre os campeonatos de elite
Brasileiro encurta abismo entre campeão e lanterna
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Na primeira vez em que adotou
a fórmula de pontos corridos e
dois turnos, o Brasileiro terá em
2003 uma diferença entre seu
campeão e o lanterna muito menor do que a registrada em outros
grandes campeonatos nacionais.
Hoje, o Bahia, o último colocado, tem o equivalente a 47% dos
pontos conquistados pelo Cruzeiro. Dependendo dos resultados
da rodada derradeira, o time que
ficar na lanterna pode ter até 51%
da pontuação cruzeirense.
Em nenhum outro lugar da elite
do futebol, considerando as últimas edições de cada um, a distância entre campeão e o time da rabeira da tabela foi tão pequena.
Na Inglaterra, onde qualquer time pequeno tem dinheiro para
contratar jogadores de bom nível,
o Sunderland foi o último colocado na temporada 2002/ 2003 conquistando apenas 23% dos pontos
obtidos pelo Manchester United,
que ficou com a taça.
A Itália é outro país em que os
dois pólos da tabela tiveram uma
diferença enorme na temporada
passada. O Torino foi rebaixado à
segunda divisão ganhando só
29% dos pontos conquistados pela grande rival Juventus, que ficou
com o caneco de campeão.
Nos grandes campeonatos nacionais da Europa, quem chega
mais perto do abismo entre os
dois lados da tabela é a França.
No Nacional encerrado no primeiro semestre deste ano, o Troyes acumulou 45% dos pontos do
Lyon, o campeão francês.
Mesmo fazendo um campeonato em apenas um turno, em que a
chance de uma vantagem maior
entre os times é atenuada, a Argentina teve um verdadeiro oceano separando as duas partes da
classificação na edição encerrada
no primeiro semestre do ano.
O Huracan registrou uma pontuação equivalente a somente
26% do campeão Independiente.
Para ter uma diferença menor
do que em outros países entre o
vencedor e o lanterna, o Brasileiro-03 contou com dois trunfos.
Primeiro, a campanha do Cruzeiro, arrebatadora, mas que não
vai entrar na lista das melhores da
história do próprio torneio.
Se vencer o Bahia hoje, os mineiros irão terminar o Nacional
com um aproveitamento de 72%.
Em 1976, o Internacional, por
exemplo, conquistou seu segundo título com um fantástico aproveitamento de 84%.
Mas é pela performance da turma do desespero que a distância
entre campeão e lanterna não será
gigantesca em 2003. Dependendo
dos resultados de hoje, o último
colocado pode finalizar sua participação com aproveitamento de
36%. Desde que o rebaixamento
passou a ser usado no Brasileiro,
no final da década de 80, a melhor
performance de um lanterna
aconteceu no ano passado, quando o Botafogo ganhou um terço
dos pontos em disputa.
Na maioria dos casos, entretanto, o pior time de cada Brasileiro
com descenso teve um aproveitamento entre 20% e 25%.
Pedreiras
Na sua vitoriosa campanha, o
Cruzeiro teve dificuldade contra
alguns dos clubes que ocupam as
últimas colocações.
Ainda no primeiro turno, o time
de Wanderley Luxemburgo perdeu para o Paysandu por 3 a 0. Na
segunda parte do campeonato, foi
a vez do Juventude, que só se garantiu na elite na penúltima rodada, vencer o Cruzeiro, na única
derrota dos mineiros atuando em
casa na temporada 2003.
Contra os seis clubes que ainda
podem cair, a equipe azul sofreu
mais gols do que contra o resto da
concorrência. Em 11 partidas
diante do sexteto, o Cruzeiro sofreu 15 gols, média de 1,36 por
partida. Já nos confrontos contra
rivais já garantidos na primeira
divisão de 2004, a equipe da Toca
da Raposa foi vazada, em média,
apenas 0,94 vez por jogo.
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