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Sócrates, 50, louva democracia,
cerveja e vislumbra futebol com 9
FERNANDO PRATTI
FREE-LANCE PARA A FOLHA RIBEIRÃO
Sócrates Brasileiro Sampaio de
Souza Vieira de Oliveira completa
50 anos na quinta-feira idealizando uma revolução no futebol,
maior até do que aquela que colocou em prática quando jogava.
Na USP, onde cursa doutorado,
imagina seu esporte com menos
jogadores em campo: "Defendo a
hipótese de que o futebol deve ser
disputado por apenas nove atletas. O condicionamento físico do
atleta evoluiu muito e essa redução daria mais emoção ao jogo".
Idéia difícil de emplacar. Como
sua recente anticandidatura à presidência da CBF. Como a "democracia corintiana" dos anos 80.
A primeira naufragou, como
planejado. "A anticandidatura é
uma forma de drenar opiniões
para provocar discussões sobre a
estrutura e a organização do esporte nacional. Isso serviu para
provocar polêmica e democratizar a escolha dos dirigentes esportivos. Um pequeno grupo detém
o poder e não vai sair nunca", diz.
A segunda virou um capítulo
célebre na história do futebol brasileiro: "Foi um processo importantíssimo, pois através do futebol, um meio extremamente popular e de bastante visibilidade,
conseguimos discutir os principais problemas do país".
Na "democracia corintiana", os
jogadores tinham voz ativa no
Parque São Jorge para discutir inclusive a necessidade ou não da
concentração de reforços. Tudo
isso bem em meio ao processo de
abertura política do país.
Só o fato de ter participado daquela fase do Corinthians já lhe
valeria alguma fama. Mas Sócrates fez mais. Foi, depois de Zico, o
maior destaque do futebol brasileiro em uma época de jejum em
Copas -jogou as de 82 e 86. Pelo
Corinthians, conquistou o Paulista em 79, 82 e 83. Foi campeão no
Rio, pelo Flamengo, em 86.
Em Ribeirão, às vésperas de
completar 50 anos, diz não ter
planos para o futuro. "Minha
agenda termina daqui a dez segundos. Eu vivo hoje. Quando
tem algo que não fiz, corro atrás.
Agora, estou interessado em cultura francesa, então estou aprendendo francês. Não sei quanto
tempo vou viver, então quero viver bem hoje", afirma.
Mas com a cervejinha gelada
por perto. "Só não pode ser hipócrita. Cerveja não atrapalha nunca, só te dá prazer, paz, relax."
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