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F-1
Sistema com peso menor para vitória premia estilo calculista, em que o mais importante é levar o carro ao final dos GPs
Schumacher vira maior vítima da F-Prost
FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A MONTRÉAL
Imagine uma F-1 com Alain
Prost hexacampeão mundial, Eddie Irvine super-herói ferrarista e
Michael Schumacher como um
coadjuvante, sem muito brilho.
Um cenário com Ayrton Senna
e Damon Hill bicampeões, Graham Hill tetra e o obscuro Luigi
Fagioli como o primeiro vencedor
de um Mundial. Aos 52 anos!
Assim seria a história da F-1 se o
sistema de pontuação adotado
nesta temporada vigorasse desde
a criação da categoria, em 1950.
Mais do que uma brincadeira
com o passado, a simulação feita
pela Folha com todos os 53 campeonatos disputados explica porque o Mundial de 2003 chega hoje
à sua metade com Schumacher
sofrendo para alcançar Kimi
Raikkonen na liderança -quatro
pontos separam os dois pilotos.
O GP do Canadá, oitava das 16
etapas do Mundial, acontece a
partir das 14h (de Brasília), com
TV. Ralf Schumacher sai na pole,
seguido pelo companheiro na
Williams, Juan Pablo Montoya.
O fato de que Prost seria o
maior piloto de toda a trajetória
do esporte não é coincidência. A
nova distribuição de pontos se encaixaria perfeitamente no estilo
de pilotagem do francês. Calculista, paciente, pouco agressivo, em
que o mais importante é levar o
carro ao final das corridas.
Isso, por duas razões. Nunca a
F-1 distribuiu pontos a tantos pilotos. De 1950 a 1959, pontuavam
só os cinco primeiros, além daquele que fizesse a melhor volta. A
partir de 1960 até 2002, os seis
mais bem colocados marcavam
pontos. Agora, a zona de premiação engloba os oito primeiros.
O segundo motivo é o peso menor da vitória. Desde 1961, pelo
menos três pontos separavam o
vencedor do segundo colocado.
Neste ano, são só dois pontos.
É justamente por esse privilégio
ao estilo Prost que Raikkonen está
na frente, apesar de ter vencido
apenas uma prova. Em sete etapas
disputadas, o finlandês da McLaren subiu ao pódio em seis.
Schumacher soma três vitórias.
Mas, além disso, só subiu ao pódio uma vez. Daí a desvantagem.
Quando aplicada ao passado da
categoria, a nova pontuação produz resultados interessantes, "punindo" ao longo da história pilotos do estilo tudo-ou-nada.
A começar pelo próprio Schumacher. Célebre por seu estilo arrojado, o pentacampeão seria tetra com o atual sistema. Perderia
o título de 1994 para Damon Hill,
um representante da escola Prost.
Mais: não teria sentido o gostinho de tirar a Ferrari do jejum de
títulos, em 2000. A honra teria ficado com Irvine, no ano anterior.
Por outro lado, Prost teria sido o
maior beneficiado pelo novo regulamento. Além dos quatro títulos que conquistou -1985, 1986,
1989 e 1993-, ele ganharia os
mundiais de 1984 e de 1988, em cima de Niki Lauda e de Senna.
Seria a única ocasião em que um
brasileiro perderia o título.
Os outros dois campeonatos
mundiais de Senna, assim como o
bi de Emerson Fittipaldi e o tri de
Nelson Piquet são confirmados
na simulação.
Apesar de perder o cetro da F-1
para Prost, Juan Manuel Fangio
manteria os seus cinco títulos.
No mundo real, o único em
condições de superar o argentino
nos próximos anos é Schumacher. Mas para que isso aconteça
em 2003, o alemão talvez tenha
que mudar seu estilo. Talvez tenha que aprender com a fantasia.
Colaborou Tatiana Cunha, da Reportagem Local
NA TV - GP do Canadá,
Globo, ao vivo, às 14h
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