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ATLETISMO
Pela 1ª vez após Adhemar Ferreira, Nelson Prudêncio e João do Pulo, país aposta chances em prova feminina
Maurren herda status de astros do salto
ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL
País com poucos astros no atletismo, o Brasil sempre sobreviveu
graças a talentos isolados, como
Adhemar Ferreira da Silva, Nelson Prudêncio, João do Pulo, Joaquim Cruz e Róbson Caetano, todos medalhistas olímpicos.
Atualmente, a aposta do atletismo nacional para obter uma medalha nos Jogos de Atenas-2004
voltou a ser uma prova de saltos,
retomando a tradição de Adhemar, Prudêncio e João do Pulo.
Mas, pela primeira vez, as fichas
estão depositadas em uma mulher: Maurren Higa Maggi, 26.
"Acho que a mulher foi ganhando naturalmente mais espaço no
esporte", afirma Maurren, que
salta hoje, na pista do Ibirapuera,
em São Paulo, pelo Troféu Brasil.
"Minha família e meus amigos
de São Carlos lotaram dois ônibus
para vir me ver competir no domingo [hoje]", conta, orgulhosa.
Atenta aos seus antecessores,
Maurren aponta o triplista Prudêncio -prata nos Jogos da Cidade do México-1968 e bronze em
Munique-1972- como um dos
exemplos que procurou seguir.
"Ele é de São Carlos, como eu.
Quando comecei a competir, viajava com o Márcio, que é filho dele", conta, confundindo a cidade
natal de Prudêncio, que nasceu
em Lins, mas mora atualmente
em São Carlos, onde dá aula na
universidade federal da cidade.
"Nem imaginava que ela pensava isso. Acho que foi mais pela
proximidade", devolve Prudêncio, que disputou a mais emocionante final do salto triplo, nos Jogos-1968, quando o recorde mundial foi quebrado nove vezes.
Maurren não encontra explicação para o Brasil ter tantos saltadores de destaque. "É como diz a
música de Sandy e Júnior: "Vamos
pular". Acho que é uma coisa da
criança, que gosta de saltar", afirma, esboçando uma teoria.
A história de bons saltadores do
país foi inaugurada por Adhemar,
até hoje único bicampeão olímpico do Brasil (nos Jogos de Helsinque-1952 e de Melbourne-1956).
Prudêncio, que também foi
bronze nos Jogos de Munique-72,
sucedeu Adhemar e, quando esse
deixou de competir, cedeu espaço
a outro fenômeno, João do Pulo,
bronze nas Olimpíadas de Montréal-1976 e de Moscou-1980.
Desde que João deixou de competir, porém, houve um hiato,
com o Brasil não conseguindo obter marcas expressivas no salto
em nível internacional. Foi a época do meio-fundista Joaquim
Cruz, ouro nos 800 m em Los Angeles-1984 e prata em Seul-1988.
Nos Jogos sul-coreanos, outro
brasileiro, Róbson Caetano, bronze nos 200 m, ganhou medalha.
Desde então, o país nunca mais
subiu ao pódio em uma prova individual olímpica no atletismo.
"A Maurren é a nossa maior
aposta para os Jogos de Atenas",
admite Roberto Gesta de Melo,
presidente da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt).
Dona de cinco das seis melhores
marcas do salto em distância em
2003, Maurren centra sua preparação para o Pan de Santo Domingo e o Mundial de Paris, ambos em agosto. Alguns acreditam
que ela atinge o auge muito cedo.
Das 29 melhores marcas de Maurren, que apareceu pela primeira
vez no ranking da Iaaf em 1999, 19
foram feitas no primeiro semestre
e só dez na metade final do ano.
"Hoje fazemos a preparação do
atleta com ciclos mais curtos, mas
sem grandes picos ao longo do
ano. Antigamente o saltador fazia
dois ciclos na temporada, hoje
passa por cinco. Com isso, ela estará no auge em agosto", diz Nélio
Moura, técnico da brasileira.
Rigorosa, Maurren disse ao treinador que poderia ter obtido resultado melhor do que os 6,70 m
que lhe garantiu o bronze no
Mundial indoor de Birmingham
(Inglaterra), em março -foi a
primeira brasileira medalhista
neste tipo de competição.
"Estava com problemas pessoais. Poderia ter saltado mais",
diz, sem esclarecer quais seriam
eles -logo em seguida, viajou para a Malásia para ver o namorado,
o piloto de F-1 Antonio Pizzonia.
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