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FUTEBOL
Evolução do futebol feminino
TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA
Como fiquei um longo tempo
sem assistir a uma partida de
futebol feminino, já que não existe campeonato no Brasil, me impressionou nesse início da Olimpíada a evolução das atletas.
Apesar de ser muito mais lento
do que o futebol masculino, pois
as mulheres têm menos força
muscular e velocidade, o campo
não é mais tão grande como era e
nem as atletas parecem tão mal
preparadas fisicamente.
As mulheres estão hoje muito
mais habilidosas. Porém continuam deficientes nos fundamentos técnicos.
Isso pode ser corrigido com bastante treino. Elas estão também
excessivamente preocupadas em
não saírem de suas posições e em
cumprirem as ordens dos técnicos. Mais ainda do que os homens.
Em vez de copiarem o futebol
masculino, as mulheres precisam
criar o seu estilo, como fizeram
com inteligência e competência
em outros esportes e na vida nas
últimas décadas.
Pode e deve melhorar
Leão disse nesta semana no programa ""Arena Sportv" que Robinho é a maior revelação do futebol brasileiro nos últimos 20 anos.
O técnico exagerou. Robinho evoluiu bastante, é um excelente jogador, mas ainda não é e, provavelmente, não será um fenômeno
mundial, como os dois Ronaldinhos.
Tenho a impressão de que, se o
Robinho jogasse no São Paulo, teria hoje mais força muscular e
uma arrancada inicial mais explosiva, sem perder a habilidade e
a velocidade. Ele seria muito melhor. Foi o que aconteceu com Kaká. Posso estar enganado nessa
comparação, pois não conheço de
perto a estrutura profissional dos
dois clubes.
Leão disse ainda que Robinho
já deveria ser titular da seleção.
Pelo menos, merecia ter sido convocado e testado. Parreira perdeu
a chance na Copa América. Tenho convicção de que daria certo.
Robinho entraria no lugar do
Zé Roberto, não para fazer a mesma função nem para atuar como
faz no Santos.
Ele não seria um armador nem
um atacante. Seria um armador-atacante, marcando e avançando
mais pela esquerda, mas com liberdade para se movimentar pelo
ataque. Ele tem talento e leveza
para jogar bem de uma intermediaria à outra. Isso é raro.
Por convicção, excessivo rigor
tático e para provar que está certo, Parreira não vai convocar o
Robinho tão cedo. Ele vai alegar,
com certa razão, que o jogador
ainda é inexperiente, não tem posição definida, que o time brasileiro é líder das eliminatórias e
ganhou a Copa América, que está
no caminho certo e, por isso, não
deveria mudar.
Mas, pela qualidade dos jogadores, a seleção poderia jogar
muito melhor.
Diferença dos técnicos
No mundo atual, globalizado e
tecnológico, os técnicos ficam colados no computador, conhecem
todas as características dos jogadores e esquemas táticos de todas
as equipes, organizam e treinam
seus times do mesmo jeito, fazem
as mesmas substituições, falam as
mesmas coisas, não se preocupam
com a qualidade do espetáculo e
só pensam em vencer. Todos são
parecidos.
Existem poucas exceções. Ainda
bem. No segundo tempo da partida entre Santos e Vasco, o time
carioca ganhava por 2 a 1 e Geninho colocou mais um volante para reforçar a marcação. O Santos
empatou. Nesse momento a
maioria dos técnicos, como Geninho, poria mais um volante ou
um zagueiro, com a justificativa
de que empate fora de casa é bom.
Luxemburgo colocou mais um
atacante e ainda trocou um volante por um armador ofensivo. O
time venceu por 3 a 2.
A diferença entre os treinadores
não está na informação nem no
conhecimento tático, e sim na
ousadia e na observação dos
detalhes.
Zorba, o grego
Tenho esperanças de que alguma televisão, para aproveitar o
momento olímpico, mostre o filme "Zorba, o grego". Iria assisti-lo pela quinta vez.
Zorba, um homem simples, rude, extrovertido e feliz, convive
com o patrão inglês, um homem
culto, reprimido e triste, que vai a
uma ilha da Grécia conhecer a
mina herdada da família.
Em uma cena, Zorba pergunta
ao patrão sobre o que acontece
após a morte. Ele responde que os
livros não sabem.
Zorba retruca: ""Então seus livros não sabem nada".
E-mail: tostao.folha@uol.com.br
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