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AUTOMOBILISMO
Schumacher não pode ser campeão hoje, mas sua equipe, hegemônica, deve levar Mundial de Construtores
"Barbada", Ferrari estaciona F-1 no tempo
RICARDO PERRONE
DA REPORTAGEM LOCAL
A mesma escuderia campeã nos
últimos seis anos. E liderada sempre pelo mesmo piloto. Esse é o
cenário que a Ferrari de Michael
Schumacher tentará impor hoje à
F-1, como se a categoria estivesse
parada no tempo.
Desde 1999 a equipe italiana domina o Mundial de Construtores,
principalmente devido ao alemão. Hoje, no GP da Hungria, às
9h, a Ferrari conquista o seu sexto
título de equipes seguido, a menos que a Renault desconte uma
diferença de dez pontos.
A tarefa francesa é difícil. A Ferrari domina a primeira fila do
grid, com Schumacher, na pole, e
Rubens Barrichello, em segundo.
O maior vencedor da F-1 não
pode assegurar hoje o seu sétimo
título, mas tem chances de sair de
Hungaroring perto dele. Com 36
pontos de vantagem sobre Barrichello, vice-líder, e 49 a mais que
Jenson Button, terceiro, o alemão
pode assegurar o hepta já na etapa
seguinte, na Bélgica, dia 29.
Após a corrida de hoje, restarão
cinco provas (50 pontos em jogo).
A situação é tão confortável que
Schumacher soltou a língua em
Budapeste. "Com certeza, um dos
dois títulos nós vamos ganhar.
Não é segredo que provavelmente
ninguém vai tirar o título de
Construtores da Ferrari. É uma
questão de tempo", disse.
Seus adversários demonstram
já ter jogado a toalha. "A Ferrari
parece tão forte que não há o que
fazer. Acho que os carros deles
vão pular na frente na largada e
destruir tudo", declarou Button.
Títulos à parte, o maior campeão de todos os tempos da categoria pode ter outros motivos para celebrar hoje. Uma nova vitória
esticará o recorde de vitórias num
mesmo campeonato, que já pertence a ele. Se cruzar a linha de
chegada em primeiro, subirá ao
topo do pódio pela 12ª vez nesta
temporada. Uma a mais do que
ele conseguiu há dois anos.
Na atual temporada, ele só não
venceu em Mônaco, onde o italiano Jarno Trulli ganhou.
Tal domínio tornou ridícula a
mudança feita na pontuação na
tentativa de deixar o campeonato
mais equilibrado. Mesmo com o
vencedor levando apenas dois
pontos de vantagem sobre o segundo (10 a 8), ele está perto de
obter o título antecipadamente.
Se estivesse em vigor o regulamento antigo -dez pontos para
o primeiro e seis para o segundo-, Schumacher poderia ser
campeão já na Hungria.
Uma vitória hoje também fará
com que o alemão emplaque uma
diferença histórica sobre Ayrton
Senna, o terceiro maior vitorioso
da história da categoria. O ferrarista passaria a ter exatamente o
dobro do número de triunfos do
brasileiro, morto em 1994: 82 a 41.
A comparação com seu atual
companheiro de equipe aumenta
o abismo. Só neste ano o alemão
obteve mais vitórias do que Barrichello em toda a sua carreira. O
brasileiro venceu sete vezes.
Subir no lugar mais alto do pódio também significará para
Schumacher quebrar o recorde de
seis vitórias seguidas numa só
temporada. Na etapa anterior, em
Hockenheim, ele igualou essa
marca, que fora obtida apenas por
Alberto Ascari, em 1952.
Quatro dias após o COI (Comitê
Olímpico Internacional) desfiliar
a FIA, dando munição para os
que discutem em botecos se a F-1
é ou não esporte, Schumacher e a
Ferrari podem dar mais argumentos para outra conversa. Uma
vitória do alemão e um novo título do time engrossarão o já enorme coro dos que dizem que "a F-1
está chata e nada novo acontece".
Colaborou Tatiana Cunha, Da Reportagem Local
NA TV - GP da Hungria, na
Globo, ao vivo, às 9h
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