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TÊNIS
Brasileiro vai na contramão da elite, que insiste em mudar de técnico, e diz que vai seguir com Larri até o final
Para voltar ao topo,
Guga aposta em
"parceria eterna"
JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
ENVIADO ESPECIAL A CAMBORIÚ
Pronto para mais um dia de trabalho, Guga levanta-se do refeitório onde tomou o café da manhã,
leva o prato para a cozinha e se dirige à sala de ginástica. É observado por Larri Passos, com uma
cuia de chimarrão nas mãos.
A cena, na última quinta, poderia ter ocorrido há 12 anos, quando se iniciou a parceria dos dois.
"Cada passo que dou tenho o
Larri a meu lado. Foi isso que me
deu força no início, quando não
tinha nenhum tenista [brasileiro]
como referência, e continua me
dando força agora, nos bons e nos
maus momentos. Fomos desbravando esse mundo juntos", comentou Gustavo Kuerten, 26.
E devem continuar assim por
muitos e muitos anos, na contramão do que acontece na elite do
tênis mundial, onde alguns atletas
trocam de técnico como se estivessem trocando de camisa.
É o caso de Lleyton Hewitt, 21,
que mesmo tendo se tornado o
número um do ranking no ano
passado, resolveu iniciar a temporada 2002 com outro treinador.
Já o norte-americano Pete Sampras tentou de tudo -até um
conjunto de técnicos, um especialista em cada tipo de piso.
Enquanto Marat Safin não pára
com treinador algum, Ievguêni
Kafelnikov fica por conta própria
e Juan Carlos Ferrero viaja sozinho para boa parte dos torneios,
Guga não desgruda de Larri, 44.
"Mesmo com problemas pessoais [perdeu a mãe em fevereiro,
o pai, em agosto], ele ajudou muito na minha recuperação [de uma
artroscopia no quadril direito] e
graças ao Larri hoje me sinto em
ponto de bala", disse o tenista, cujo objetivo é voltar a figurar entre
os dez mais bem colocados do
ranking -em 2002, foi apenas o
36º na Corrida dos Campeões.
A ligação entre os dois é tanta
que mesmo no dia em que decidir
encerrar a carreira, Guga quer
continuar com a parceria e ajudar
no projeto de formar uma nova
geração para o tênis brasileiro.
Ainda não sabe exatamente como -cogitou fazer um curso de
educação física ou de nutrição ou
simplesmente usar seu nome para
angariar fundos para a academia
de Larri, em Camboriú (SC).
É lá que pretende passar um
pouco de sua experiência para os
novos jogadores.
E é justamente o que já tem feito
nas últimas semanas, quando se
prepara para a temporada 2003.
Na clínica de Larri, Guga costuma treinar com outros tenistas,
alguns dos quais juvenis, que dizem ter ganho muito graças ao
contato com o ídolo.
O grupo -formado por até 12
atletas- costuma treinar oito horas por dia, metade das quais nas
quadras, metade em exercícios de
aquecimento, atividades de preparação física e relaxamento.
Na pré-temporada, eles chegam
à clínica às 7h25 e só voltam para
casa após as 18h30 -o único dia
de folga é o domingo.
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