São Paulo, domingo, 16 de maio de 2004

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GINÁSTICA

Nas provas por aparelho, brasileira irá à Olimpíada com a vantagem mais expressiva em relação à vice do ranking

No papel, Daiane é favorita das favoritas

LUÍS CURRO
EDITOR-ASSISTENTE DE ESPORTE

A favorita entre as favoritas.
Até entrar no tablado do Complexo Olímpico de Esportes de Atenas, em 15 de agosto, para sua primeira exibição no solo, uma brasileira será assim considerada nas disputas individuais de ginástica artística na Olimpíada.
Daiane dos Santos, 21, é, e vai ser até os Jogos Olímpicos gregos, a atleta que maior diferença tem em relação à adversária mais próxima nos rankings da FIG (Federação Internacional de Ginástica).
Com suas espetaculares performances desde a conquista do ouro inédito no Mundial de Anaheim (EUA), em agosto do ano passado, Daiane conseguiu atingir a liderança da lista do solo da FIG e tem, atualmente, 315,5 pontos. A vice-líder é a espanhola Elena Gomez, com 249,5 pontos.
Em nenhum outro aparelho (salto sobre o cavalo, trave e barras paralelas assimétricas), a líder do ranking registra diferença tão significativa em comparação com sua mais próxima perseguidora.
Como a listagem não terá nenhuma alteração até os Jogos Olímpicos, Daiane é, entre todas as competidoras, a ginasta mais dominante em sua especialidade.
"O Campeonato Europeu foi o torneio final para soma de pontos. O próximo será a Olimpíada. Assim, o ranking não mudará até Atenas", informou à Folha Philippe Silacci, do departamento de comunicações da FIG.
O Europeu, com duração de quatro dias, foi realizado em Amsterdã e encerrado no último dia 2. A campeã no solo foi a romena Catalina Ponor, que tem sido "freguesa" de Daiane nos últimos eventos em que duelaram.
Ponor, terceira no ranking da FIG nesse aparelho, com 217,5 pontos (98 atrás da brasileira), sagrou-se campeã na Holanda ao obter nota 9,637 na final.
Em suas melhores apresentações neste ano, ambas em março e em etapas da Copa do Mundo, a brasileira superou essas marcas.
Em Cottbus (Alemanha), registrou a melhor nota de sua carreira (9,762), atuação que fez seu técnico, o sisudo ucraniano Oleg Ostapenko, dizer que "ela é hoje o Michael Jordan da ginástica". Uma semana depois, em Lyon (França), voltou a ser ouro, com 9,650.
Desde a façanha no Mundial, Daiane subiu ao lugar mais alto do pódio em todas as finais do solo de que participou (etapas da Copa de Stuttgart, em 2003, e de Cottbus, Lyon e Rio, neste ano).
Seu único revés, porém, ocorreu justamente no palco grego que voltará a desafiar em agosto pela primeira medalha olímpica da ginástica nacional. Em evento-teste em março, logo após suas ótimas atuações na Alemanha e na França, errou. Saiu do tablado na fase preliminar e ficou alijada da final, vencida por Elena Gomez (9,562).
Daiane está ciente. "Estou à frente [no ranking], e isso com certeza me torna a maior favorita em Atenas." Treina sete horas diárias em Curitiba, sede da seleção, para manter seu atual nível. E para banir todo e qualquer erro.
Porque, se errar, o favoritismo em Atenas ficará só no papel.


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