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Traumatizados, atletas e técnico dizem temer "loteria"
Disputa de pênaltis atormenta brasileiros
DOS ENVIADOS A KOBE
A possibilidade de decidir sua
sobrevivência na Copa começa a
afligir a seleção brasileira.
Até o goleiro Marcos, considerado um dos melhores pegadores
de pênalti do país, disse abrir mão
da chance de virar herói para ver o
Brasil classificado sem sofrimento
diante dos belgas.
"Temos que matar o jogo ainda
no tempo normal. Ir para os pênaltis, depois de uma prorrogação, é muito sofrimento para nós
e para o povo brasileiro. Não queremos passar por isso, não pensamos nessa possibilidade. Abro
mão [da possibilidade de virar
herói" para não sofrer tanto", declarou o goleiro palmeirense, que
conquistou o maior título de sua
carreira, a Taça Libertadores-99,
pegando pênaltis contra o Cruzeiro, nas oitavas, o Corinthians, nas
quartas, e o Deportivo Cali (Colômbia), na decisão.
Para Marcos, o Brasil não levaria vantagem em uma possível
decisão por penalidades pelo fato
de tê-lo no gol. "Vai que eu não
estou em um bom dia. Pênalti é
sempre 50% a 50%", completou.
A desconfiança do goleiro tem
razão de ser. Na última vez em
que ele estava no gol de seu clube
em uma decisão importante, o
Palmeiras saiu derrotado, diante
do Boca Juniors e de quase cem
mil palmeirenses, no Morumbi.
E foi justamente nessa partida, a
final da Libertadores-2000, que o
zagueiro Roque Júnior viveu seu
maior trauma. Como Asprilla,
perdeu um pênalti e a chance do
inédito bi para o Palmeiras.
"Pênalti é loteria. Queremos
vencer no tempo normal, no máximo na prorrogação", disse ele,
que estava naquela decisão sob o
comando de Luiz Felipe Scolari e
tinha Júnior como companheiro.
Ao mesmo tempo em que parece tentar fugir dos pênaltis, o técnico tem intensificado o treinamento desse tipo de situação.
No coletivo de ontem, o único
em Kobe, Scolari parou o treino
três vezes para uma sequência de
pênaltis. Todos os jogadores, inclusive os reservas, bateram. Marcos teve excelente aproveitamento -em uma das oportunidades,
pegou três de cinco cobranças.
A vaga nas quartas-de-final será
decidida nos pênaltis se o jogo
terminar empatado no tempo
normal e se não houver gol nos 30
minutos de prorrogação.
Scolari condena a adoção da
"morte súbita" na prorrogação,
critério usado pela primeira vez
em Copas pela Fifa em 1998.
"Não gosto, porque pode ser injusto. Um time pode estar pressionando e, se toma um gol no
contra-ataque, não há como recuperar", afirmou Scolari.
Na morte súbita, o Brasil já foi
eliminado pela Nigéria, na Olimpíada de Atlanta-96, e por Camarões, em Sydney-2000.
(FÁBIO VICTOR, FERNANDO MELLO, JOSÉ ALBERTO BOMBIG E SÉRGIO RANGEL)
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