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Muricy põe São Paulo em "crise"
Para técnico, falta de criatividade e esquema decorado pelos rivais dificultam sonho de novo triunfo
Treinador reclama ainda
de seguidos desfalques na
defesa nesta temporada, da
saída de jogadores-chave
e do trabalho feito na base
TONI ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL
O São Paulo abriu o ano como franco favorito. Mas um
empecilho detectado pelo técnico Muricy Ramalho ameaça o
sonho do hexacampeonato brasileiro: a crise técnica.
Sem um "jogador cerebral" e
obrigado a seguidas mudanças
no elenco para ajustar a equipe,
o time são-paulino ainda não
vingou no ano de 2008 e passou
batido no Paulista e na Libertadores. Neste Brasileiro, o clube
integra o G4, mas está a oito
pontos do líder Grêmio, adversário de amanhã no Sul.
E, diante de um jogo-chave
contra os gaúchos, até Muricy
reconhece a dificuldade de retomar a liderança do torneio.
"Neste ano, começamos o Brasileiro muito abaixo. Mas não
vamos desanimar."
FOLHA - Você é bicampeão brasileiro com o São Paulo. Por que neste
ano a dificuldade aumentou?
MURICY RAMALHO - Os times
aprenderam a jogar contra o
São Paulo. E tem mais: neste
ano, estamos com dificuldade
para arrumar um time. Estamos mexendo demais. Tivemos
jogadores como Adriano, Fábio
Santos, Carlos Alberto. Vieram
e foram embora. A zaga muda
toda hora. Miranda, André Dias
e Alex Silva se machucaram. A
defesa, que era nosso ponto forte, quase não atuou junta. Mudamos até o esquema.
FOLHA - Qual o ponto forte do São
Paulo de hoje?
MURICY - É o conjunto. A parte
tática. E, quando a parte tática
aparece, é porque não temos o
jogador que desequilibra. Estamos procurando um meia, mas
está difícil. Do meio para trás,
não tenho problema.
FOLHA - O clube revelou nos últimos anos Denílson, Hernanes, Breno, jogadores do meio para trás. Por
que o clube não consegue revelar
um meia de que você tanto precisa?
MURICY - Há um tempo atrás,
fui ver o infantil jogar na base, e
o esquema usado já era o 3-5-2.
E esse esquema não tem meias
e laterais. Acaba com a formação dos meias. Tivemos uma
conversa com eles [técnicos da
base] e pedimos para mudar. Se
continuasse, não teríamos nem
[camisa] 8 nem [camisa] 10. O
pessoal da base entendeu e está
atrás desses jogadores. Espero
agora que a próxima safra revele algum meia, que é o que a
gente mais precisa.
FOLHA - Você aponta algum meia
lançado com destaque recentemente no Brasil?
MURICY - Tinha o Anderson,
ex-Grêmio, mas que está jogando de volante agora. No Brasil,
quem está armando os times
são os volantes.
FOLHA - O São Paulo vive esse problema atualmente?
MURICY - Sim. O Hernanes é
um volante que faz o papel de
meia. O Jean joga porque passa
bem a bola. Como não tenho
meias, tenho de colocar volantes que saiam para o jogo.
FOLHA - Caso não seja campeão,
você vai se sentir pressionado?
MURICY - Não. O trabalho foi
bem-feito. Claro que sempre
queremos mais, porém perdemos vários jogadores, e a reposição demora um pouco. Mas,
desde que voltei, ganhei um bicampeonato brasileiro. Acho
que tá bom.
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