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FUTEBOL
Diferentemente de temporadas anteriores, atacante destacou-se mais em seu clube do que na seleção em 2003
Ronaldo quer ser hoje o Ronaldo do Real
DO ENVIADO A LIMA
Muitos gols, precisão nas finalizações e resistência. O atacante
Ronaldo, 27, teve tudo isso em
2003, mas não na seleção.
Ao contrário de outras temporadas, quando brilhava no time
nacional com mais força do que
nos clubes (especialmente nos
cinco anos que passou na Inter de
Milão), o mais famoso jogador do
país só mostrou o seu melhor no
ano que está quase no fim com a
camisa do Real Madrid.
Um imenso abismo separa o desempenho de Ronaldo na seleção
brasileira e na equipe espanhola.
A começar por sua especialidade: os gols. Com a camisa amarela, o jogador, em 2003, marcou
apenas uma vez em seis partidas,
o que significa a pífia média de
0,17 gol por jogo. Já no Real Madrid, Ronaldo tem a ótima marca
de 0,79 tento por duelo.
"Quero muito fazer o gol contra
o Peru. Já estou há duas partidas
[pela seleção] sem marcar. Não é
muito tempo, mas para um atacante é sempre bom estar fazendo
gols", diz Ronaldo, que no entanto não está em débito na seleção
brasileira apenas na hora de balançar as redes.
Estatísticas do Datafolha e do
Campeonato Espanhol deixam
claro o descompasso de Ronaldo
em 2003. Com a seleção, onde obteve o seu único gol na temporada
na estréia das eliminatórias, contra a Colômbia, ele tem na temporada uma média de finalizações e
precisão 30% menor do que no
torneio espanhol.
Presente em mais de 90% dos
jogos do Real Madrid em 2003, o
atacante também apanha mais
em campo longe da seleção (média de 1,7 falta por jogo, quase o
dobro da registrada no time de
Carlos Alberto Parreira).
Apesar da baixa produtividade
do astro na sua equipe, o treinador da seleção é só elogios para
Ronaldo. "Ele é um fora de série
que pode fazer coisas incríveis",
disse Parreira, que, no primeiro
semestre, afirmou que Ronaldo
ainda estava em débito com a camisa amarela na sua gestão.
No Real, Ronaldo não repetiu
atitudes de outros anos, que irritavam companheiros e dirigentes
dos times europeus. No Carnaval,
por exemplo, ele ficou em Madri e
não tomou um avião para o Rio,
onde adora passar a mais tradicional festa popular brasileira.
Não é só dentro de campo que
Ronaldo parece mais à vontade
hoje na Espanha do que no Brasil.
Sua separação conjugal e o consequente interesse da mídia brasileira pelo caso durante toda a semana o irritaram.
"Na Europa, você é mais respeitado. Somos tratados como artistas do futebol. Vamos ao nosso
palco e damos nosso espetáculo.
O tratamento no Brasil é diferente. Às vezes, não te respeitam. Falam um monte de besteira", queixou-se Ronaldo, que no Brasil
ainda se depara com a situação legal de seus empresários, condenados à prisão pela Justiça.
Além de reclamar da curiosidade alheia por seus problemas particulares, Ronaldo passou a semana em Teresópolis falando sobre
seus números na seleção.
A mais próxima de acontecer é a
marca de 50 gols -falta apenas
um tento para ele atingir o feito.
"A minha motivação aumentou
depois que fiquei sabendo que
vou chegar à marca dos 50 gols",
disse o atleta, que também não
gostou do tratamento dado às declarações em que ele questionava
alguns dos gols marcados por Pelé na seleção.
(PAULO COBOS)
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