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FUTEBOL
Sob comando do técnico, seleção contraria tendência do Brasileiro e procura controlar a posse de bola para triunfar
Eficácia no passe move Brasil de Parreira
DO ENVIADO A LIMA
O futebol de uma seleção é espelho de como se joga futebol em
um país. Nada é mais falso do que
isso no time nacional dirigido por
Carlos Alberto Parreira.
O Brasil atua hoje como gosta
seu técnico, e não como fazem
atletas, clubes do país e a própria
seleção com outro comando.
Enquanto o passe, tanto em
quantidade como qualidade, definha no Campeonato Brasileiro, o
time de Parreira toca a bola em
uma cadência rara hoje em dia.
Segundo o Datafolha, a seleção
com o atual treinador troca, em
média, 441 passes. Essa marca é
simplesmente 53% maior do que
a média geral por equipe no fundamento no Nacional deste ano.
A curva na seleção com Parreira
é ascendente, enquanto no maior
campeonato do país não pára de
cair. Em relação ao que aconteceu
na Copa-98, o time da camisa
amarela viu um aumento de 20%
no número de passes trocados. Já
no Brasileiro, considerando também o ano de 1998, as tentativas
no fundamento caíram 18%.
Além de insistir na procura de
um companheiro antes de tentar
uma jogada individual ou um lançamento, os comandados de Parreira são extremamente precisos.
Em 2003, sempre sob a batuta
do treinador, a seleção registra a
ótima marca de 89% nos passes
certos, número bem acima do
Brasileiro, em que 81,5% das trocas de bola têm o endereço certo.
Contra o Peru, Parreira quer
manter sua filosofia de controlar a
posse de bola, para não ser atacado e sofrer ameaça de levar gols.
"Vamos entrar da mesma forma, sempre buscando impor nosso ritmo. Eles vão se surpreender.
Estamos ocupando bem os espaços", disse o treinador sobre como quer ver a seleção hoje.
Já uma outra previsão de Parreira parece mais difícil de ser obtida
no estádio Monumental.
"O Peru não vai ficar atrás. Vai
sair para o jogo, e isso nos dá espaço. Será um jogo aberto, com
muitos gols. As duas seleções têm
qualidade ofensiva", analisa.
Jogos com muitos gols são raridade com a forma de jogar atual
da seleção. O estilo cadenciado
não resulta em muitas finalizações. Sem contar a Copa das Confederações, quando teve um time
reserva, a seleção tem uma média
de conclusões que não chega a 13,
situação bem diferente do "estilo
pingue-pongue" que hoje infesta
o futebol brasileiro.
Com um time que não chega a
trocar 300 passes por jogo, o Santos finaliza, em média, mais de 20
vezes no atual Nacional, e dessa
forma marca, também em média,
mais de dois gols por confronto,
praticamente o dobro registrado
pela seleção na era Parreira.
Se não é pródigo em balançar as
redes rivais, o jogo de paciência
da seleção tem o mérito de evitar
as jogadas de perigo do adversário, o que torna a previsão de muitos gols do treinador para o jogo
em Lima ainda mais improvável.
Contra o Peru, o treinador vai
começar a partida com as peças-chaves de seu esquema de muitos
toques e pouca penetração. Emerson, Gilberto Silva e Zé Roberto
irão formar o meio-campo, onde
estão concentrados quase dois
terços das trocas de bola.
"Ele é um jogador tático. No futebol, existem várias funções para
um time ter sucesso. Ele cumpre
bem a dele. Por isso, gosto dele",
diz Parreira sobre Emerson, que,
apesar das palavras de entusiasmo do técnico, foi sacado na segunda parte (substituído por Juninho Pernambucano ou Renato)
de praticamente todos os treinos
feitos durante a semana no RJ.
No duelo contra os peruanos, a
seleção irá enfrentar um rival que
não vai usar marcação individual,
o que dá mais espaço para os atletas de Parreira trocarem passes.
"Não gosto de jogar dessa forma. Vamos marcar por zona", diz
Paulo Autuori, o técnico do Peru,
sobre a forma que pretende neutralizar o ataque brasileiro, em especial Ronaldo.
(PAULO COBOS)
NA TV - Peru x Brasil, na
Globo, ao vivo, às 19h
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