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FUTEBOL
Unido Reino Unido
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL
Imagine a Olimpíada de 2012
em Londres. Os Jogos voltam
ao país que inventou o futebol como ele é visto hoje. Beleza, mas
quem representaria o país-sede?
A questão é mais que complicada. Sempre quando se aproxima
uma Olimpíada, a história da
participação britânica no torneio
de futebol volta à tona. Inglaterra, Escócia, Irlanda do Norte e
País de Gales aceitariam representar o Reino Unido como acontece nas outras modalidades?
Por trás desse problema, aparentemente localizado, há vários
interesses. A Fifa manda no futebol mundial, mas quem regulamenta o esporte ainda são as
quatro federações britânicas, que
não abrem mão de seu secular poder. Atuar nos Jogos como Grã-Bretanha poderia até ser bonito,
mas contraproducente para os
criadores da brincadeira.
Nas últimas semanas, Joseph
Blatter, presidente da Fifa, acendeu de novo a questão ao especular maneiras para uma união, no
campo, das federações britânicas.
O pano de fundo foi a candidatura da capital inglesa a sede dos Jogos (essa aposta na imagem de
Beckham, o que gerou críticas).
Desde o qualificatório para Munique-1972, a Grã-Bretanha não
aparece no futebol. Na ocasião,
alguns amadores representaram
o Reino Unido, que aliás computa, oficialmente, os dois primeiros
ouros da modalidade nos Jogos.
Blatter trabalha com a hipótese
de um torneio entre as quatro federações para definir uma que
atuasse pelo Reino Unido. Seria
necessário que esse vencedor, porém, jogasse com o nome Grã-Bretanha. Barbara Cassani, responsável pela candidatura londrina, teria procurado o presidente da Fifa para discutir essa e
outras possibilidades, mas talvez
ela desconheça os reais anseios
dos presidentes das associações
britânicas (ela é americana).
Ingleses, escoceses, norte-irlandeses e galeses entendem de uma
forma geral que a Fifa, que assumiu de vez o torneio olímpico no
final do século passado, lucraria
politicamente com a unificação
britânica. A International Board,
entidade que regulamenta o futebol, reúne anualmente quatro
pessoas ligadas à Fifa com representantes de cada uma das quatro federações britânicas. Algo só
é mudado no futebol se seis dessas
oito pessoas votam a favor (leia-se os britânicos dão as cartas). Especula-se que a idéia na Fifa seria, a longo prazo, mudar essa situação. Uma federação do Reino
Unido seria a solução para isso.
Se a fusão das quatro tradicionais seleções sub-23 parece pouco
provável, imaginar Beckham e
Giggs, por exemplo, jogando sob a
mesma bandeira é ainda utopia.
No entanto outras questões recentes, essas financeiras, colocaram mais lenha na discussão. Celtic e Glasgow Rangers, os grandes
da Escócia, demonstram interesse
em jogar na Premier League (a liga inglesa vale dez vezes mais para a TV do que a liga escocesa).
Os ingleses, a princípio, aceitariam a ""Old Firm" (o derby escocês), mas não admitiriam a entrada direta dos vizinhos na divisão de elite. Seria um passo pequeno rumo ao Campeonato da
Grã-Bretanha, mas um passo.
O reino ficará de fato unido?
Escócia-País de Gales
As duas seleções não são favoritas na repescagem para a Eurocopa,
mas já fizeram mais bonito que a Irlanda (não me refiro aqui à do
Norte) e podem se juntar à Inglaterra no torneio em Portugal.
Austrália-Nova Zelândia
Os neozelandeses querem regulamentar a participação de times do
país no Campeonato Australiano. O Auckland Kingz já fez nome ao
disputar a liga australiana, mas a autorização da Fifa para esse clube
atuar no torneio do vizinho expira no final da temporada.
EUA-México
Depois de o Chivas namorar San Diego, agora o mexicano América
quer atuar na liga americana. O time ficaria em San Jose ou Houston.
E-mail rbueno@folhasp.com.br
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