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FUTEBOL
Variações no momento exato
TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA
Como o Brasil jogou melhor
contra a Colômbia do que
contra o Equador, criou-se a teoria (há teorias demais no futebol)
de que é melhor jogar fora do que
em casa. O adversário teria de arriscar e deixaria mais espaços na
defesa. Na verdade, a Colômbia
não atacou nem defendeu bem.
Comenta-se muito que a seleção brasileira tem grande dificuldade diante de retrancas, como
nos dois últimos jogos, contra
Equador e Jamaica. Foram duas
vitórias por 1 a 0. Não só o Brasil,
mas qualquer equipe do mundo,
em todas as épocas, têm problemas ao enfrentar defesas fechadas. É óbvio.
Não sei qual será a postura do
Peru. Apesar de deixar mais espaços na defesa, tenho muito mais
receio da equipe que procura o
gol, pressiona e dificulta o Brasil
tocar a bola no meio-campo e impor a sua técnica. Times que recuam demais e só se preocupam
em defender, resistem, mas perdem. Uma das qualidades das
equipes dirigidas pelo Parreira é
se posicionar bem na defesa para
receber o contra-ataque.
Se o Brasil não estiver bem no
meio-campo e/ou no ataque, as
substituições previstas são as do
Alex no lugar do Kaká ou do Rivaldo e a do Juninho Pernambucano ou Renato no do Emerson.
Parreira é criticado por ser previsível. É melhor ser previsível do
que confuso.
Outra boa alternativa para algumas ocasiões é a entrada do
Luis Fabiano ao lado do Ronaldo.
O time ficaria com um meia de ligação e dois típicos atacantes.
Outra opção ainda mais ofensiva
é jogar com dois volantes (sairia
Zé Roberto ou Emerson), dois
meias de ligação e dois atacantes
(Luis Fabiano e Ronaldo).
É necessário criar variações,
mas sem exagerar e no momento
exato.
Estilos diferentes
Quem deveria ser o substituto
do Ronaldinho Gaúcho? Kaká foi
o escolhido. O jogador do Milan é
mais agressivo, veloz, alto, forte e
pode ainda evoluir muito. Alex
está pronto. É mais tranquilo, inventivo e surpreendente. Os dois
têm ótima técnica.
Kaká tenta mais jogadas individuais. Acerta e erra mais. Quando perde a bola, propicia o contra-ataque. No Milan, ele tem tocado mais a bola. Os técnicos italianos gostam do jogador que
acerta muito e do que erra pouco.
Na maior parte de um jogo,
Alex é apenas um bom meia ofensivo. Toca a bola e pouco dribla.
Espera o momento certo para brilhar. Alex é um jogador de detalhes, de poucos, precisos, belos e
decisivos lances. Diferentemente
do Kaká, Alex não joga mal porque erra muito, e sim porque aparece pouco.
Por causa de sua velocidade,
mobilidade e dribles largos, Kaká
é melhor para jogar no contra-ataque e diante de equipes mais
ofensivas. Nos dois primeiros jogos das eliminatórias, ele entrou
no segundo tempo, quando os adversários estavam cansados e havia mais espaço na defesa. Isso facilitou a sua atuação.
Alex seria teoricamente superior contra defesas fechadas. Aí é
melhor o toque curto, rápido e
surpreendente. Fortes defesas cometem mais faltas, e Alex é mestre na bola parada.
Mas o que mais influiu na escalação do Kaká não foram os detalhes técnicos e táticos nem suas
boas atuações nos dois primeiros
jogos das eliminatórias. Foi o fato
de ele jogar bem numa das principais equipes da Europa.
Por causa da saída dos melhores jogadores e da queda de qualidade do futebol que se pratica hoje no Brasil, há um conceito ou
preconceito de que para se tornar
definitivamente um fora de série
o jogador tem de brilhar num dos
grandes times da Europa. Kaká
não atua melhor no Milan do que
fazia no São Paulo. Mas agora ele
é um craque do mundo.
Kaká e Alex são craques diferentes. Não sei quem é o melhor.
Os dois formariam uma ótima
dupla.
Decisão para Rivaldo
Mesmo sem jogar pelo Milan,
Rivaldo deveria ser titular da seleção?
A explicação do Parreira é lógica e objetiva: Rivaldo não atua no
Milan porque o técnico não quer
e não porque está decadente. Há
pouco mais de um ano, ele foi sensacional na Copa do Mundo.
Mas, se o Brasil não for bem
nessas duas partidas, Rivaldo jogar mal e não voltar a brilhar no
Milan até março, quando haverá
mais uma partida da seleção,
Parreira não terá argumentos para mantê-lo com tantos craques
na reserva.
E-mail
tostao.folha@uol.com.br
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