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MOTOCICLISMO
Com sua moto cor-de-rosa, teen brasiliense será a primeira mulher a disputar prova do Brasileiro de 125 cc
Raphaela, 12, quebra tabu em Interlagos
TATIANA CUNHA
DA REPORTAGEM LOCAL
Há três meses, ela não tinha estatura nem idade suficientes.
"Mas deu uma espichada", conta
a mãe. E hoje, do alto de seus 12
anos e de seu 1,50 m, Raphaela Del
Bosco quebrará um tabu: se tornará a primeira mulher (ou menina) a alinhar uma moto no grid
do Brasileiro, categoria 125 cc.
A largada da oitava e última etapa do Nacional será às 13h, no autódromo de Interlagos. E será fácil
identificar a estreante. Ela pilota
uma Honda. Toda cor-de-rosa.
"Sempre acompanhei meu irmão [Thiago, sétimo na classificação do mesmo campeonato"
em todas as corridas, aí comecei a
ter vontade de correr", afirma.
Incentivada pelo pai, o funcionário público Luis Eduardo, e pelo irmão, Raphaela começou a
treinar há pouco mais de três meses no kartódromo de Brasília.
Ganhou então uma moto e pediu para a equipe de seu irmão, a
Veloart, pintá-la de rosa, em alusão à personagem de desenho
animado Penélope Charmosa.
Empolgada, tentou se inscrever
no Brasileiro, mas ainda não tinha
altura suficiente -para disputar
a competição é preciso ter no mínimo 1,50 m e mais de 12 anos,
além da autorização dos pais.
Teve que esperar até a última
corrida do ano para poder fazer
sua estréia. Sua intenção agora é
correr a temporada de 2003 inteira, mas precisa de um patrocínio.
"Quero muito correr no ano
que vem, mas meu pai não pode
sustentar duas motos", lamenta.
A paixão de Raphaela pela velocidade começou cedo. Desde pequena ela sempre acompanhou a
mãe, Cristina, às pistas para ver as
corridas de moto do tio Valberto.
Criada ao lado de muitos meninos, Raphaela diz que sempre
preferiu os carrinhos às bonecas.
"As bonecas sempre foram só pra
enfeitar meu quarto", diz.
Fã do italiano Valentino Rossi,
atual campeão do Mundial de
MotoGP, Raphaela afirma que
não é muito vaidosa. "Às vezes,
quando estou em casa, gosto de
usar as bermudas do meu irmão,
mas quando saio com as minhas
amigas me arrumo um pouco."
Cursando a 5ª série de um colégio particular em Brasília, a piloto
diz que suas amigas a chamam de
maluca por correr de moto. "Elas
acham que sou louca", explica.
Quanto ao possível preconceito
e à resistência que pode sofrer dos
outros pilotos, Raphaela não demonstra preocupação. "Sei que
vai ter machismo, mas não me
importo nada com isso. Estou
muito empolgada."
Quando não está estudando, o
lugar mais fácil para encontrá-la é
o autódromo de Brasília, onde
treina quase todos os dias. "Só
não treino quando está chovendo." Se não está treinando, Raphaela gosta de brincar na rua, de
preferência com os meninos.
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