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Contra arqui-rival, Dunga vira técnico dos sonhos
Diante de argentinos, treinador tem performance acima da média de sua gestão
Já Alfio Basile, comandante argentino, vai melhor que o do brasileiro no geral, porém é criticado por suas derrotas para a seleção brasileira
DOS ENVIADOS A BELO HORIZONTE
Contra a Argentina, a fama
de retranqueiro e a pouca experiência do mal-humorado Dunga, 44, não pesam nada.
Diante do Brasil, o estilo de
jogo ofensivo e a larga vivência
no futebol do bonachão Alfio
Basile, 63, de nada valem.
É assim a vida dos técnicos
das duas principais seleções
sul-americanas no maior clássico da região. Contra a Argentina, em dois confrontos, Dunga acumulou números e performances muito acima da média
da sua gestão, em caminho inverso ao trilhado pelo rival.
Os dois treinadores assumiram seus cargos logo após a Copa de 2006. Sem contar os dois
confrontos diretos, a Argentina
tem aproveitamento, média de
gols pró e contra melhores do
que as do Brasil. Mas isso de nada valeu, por exemplo, na final
da Copa América, quando os
brasileiros dominaram totalmente os argentinos na decisão
e venceram por 3 a 0, o mesmo
placar de amistoso realizado
em Londres dois anos atrás.
Só que hoje, no Mineirão,
Dunga está mais pressionado.
Ele foi chamado de burro pela
torcida que foi ao Paraguai no
último domingo. Corre o risco
de fechar a rodada fora da zona
de classificação nas eliminatórias. E terá pela frente, com um
time quase sem preparação, os
Jogos Olímpicos de Pequim.
Basile, por seu lado, viu ontem os principais jornais argentinos, incluindo o diário esportivo "Olé", criticarem a performance de sua equipe nos
confrontos contra o Brasil.
Dunga admitiu que está pressionado, mas, ao seu estilo, atacou seus detratores. "Temos
que conviver com as críticas.
Todos querem mandar na casa,
quero ver pegar a chave e organizá-la. Isso é difícil."
Basile também sentiu o golpe. Domingo, após o suado empate contra o Equador, em Buenos Aires, mandou seus jogadores de volta à concentração.
Nas últimas duas rodadas duplas das eliminatórias, quando
a Argentina também fez o primeiro jogo em seus domínios,
os jogadores puderam passar a
noite em suas residências. Detalhe: Basile é o tipo de técnico
que agrada aos jogadores. Maradona, por exemplo, é um dos
que sempre gostaram dele.
No seu pior momento na seleção, Dunga ao menos ganhou
apoio de seu grupo de atletas.
"Os jogadores, neste momento, têm uma parcela de culpa
maior do que a do treinador",
disse o goleiro Júlio César.
"Não seria justo culpar o
Dunga. Quando um time perde,
todos são os derrotados", falou
o volante Gilberto Silva.
"Vamos jogar pelo Dunga,
mas também por nós e por nossa família. Ele é um grande treinador, está fazendo um bom
trabalho, e, quando o resultado
positivo não vem, todos sabem
que é assim mesmo, a pressão
vem", afirmou Robinho.
Para seguir tendo a Argentina com seu talismã, Dunga não
deve abandonar sua escalação
mais conservadora, com pelo
menos dois volantes cuja marcação é a grande especialidade.
Bem diferente de Basile, que
não vai abandonar o ataque. Na
sua Argentina, ele não abre
mão de criatividade -Mascherano é o mais recuado, e Riquelme e o lesionado Verón, que está lesionado, são os armadores.
(PAULO COBOS E SÉRGIO RANGEL)
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