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TÊNIS
A última chance
Longe do exemplo Sampras, Saretta nunca deixou em casa questões pessoais. Que aproveite sua última chance
RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA
PETE SAMPRAS havia ficado meses sem jogar. Abandonara
treinos, circuito, rivais, competições e prêmios. A cabeça estava
longe. As semanas haviam sido dedicadas só a uma mulher. Recém-casado, vivia um dos momentos mais
felizes da vida -longe das quadras.
Após a lua-de-mel, acordou, deixou a mulher e saiu para trabalhar.
Voltava assim às obrigações. Sampras estava na fria Hannover, Alemanha, no Masters. E a mulher? "I
don't know", disse, sorrindo.
Naquela semana, Sampras acordava cedo, treinava, fazia exercícios,
corria, pegava a raquete e saía para
jogar. Voltava ao hotel, jantava, dormia. Não havia o que fazer. Uma rotina cansativa, chata, mas não havia
ali dúvida, crise; apenas certezas.
Distrações? "Vim para jogar, então não pensei em nada além disso."
Casamento? "Obviamente estou feliz com a vida de casado, e eu definitivamente a recomendo a todos, mas
aqui o assunto é tênis, senhores, certo?" E os planos para aquele fim de
ano? "Meus planos vão até domingo.
Segunda, volto para casa, e aí vou ver
com minha mulher quais os planos."
No domingo, contra os prognósticos, Sampras atropelou Andre Agassi na final com uma atuação impecável. Na segunda, foi embora -e o que
ele e a mulher fizeram naquele fim
de ano não se tornou público.
Na semana em que Sampras exibe
em São Paulo seu vasto repertório,
provavelmente o maior do tênis,
Flávio Saretta voltou ao circuito.
O que Sampras e Saretta têm a
ver? Saretta é, desde Gustavo Kuerten, o tenista mais talentoso do Brasil. Sua personalidade forte, seu jogo
agressivo e seu repertório variado,
juntos, já o levaram a 44º do mundo.
Diferentemente do gênio Sampras, Saretta nunca deixou em casa
questões pessoais, dilemas, euforias
e frustrações. Maduro, pai, após
considerar a possibilidade de parar e
agora, segundo ele mesmo, "diferente", tem, aos 27 anos, a última chance de ser relevante no tênis.
Ontem, Saretta apanhou feio. Mas
torço para que desta vez ele deixe fora da quadra o que não é do tênis. Se
conseguir, terá alguma chance. Se
não, terá sido um prazer vê-lo jogar.
EM SÃO PAULO
Sampras desfila seu tênis amanhã,
às 21h30, contra Fernando Meligeni, no Grand Champions Brasil. O
torneio vai até domingo no WTC.
EM MATO GROSSO
Rogério Silva bateu o irmão Daniel
na final do Future de Cuiabá. Nesta
semana, tem future em Fortaleza.
EM MINAS GERAIS
O Praia Clube recebe a terceira etapa da Credicard Citi MasterCard
Junior's Cup, em Uberlândia.
TAMBÉM EM SÃO PAULO
Num país onde projetos morrem
rápido, o "Bola Dentro" fez três
anos e já atendeu a 460 crianças.
reandaku@uol.com.br
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