|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Mineirão pune um em cada quatro torcedores
Dados de tese de doutorado da USP mostram que estádio tem 27.532 pontos cegos, sendo que 13.760 deles estarão ocupados hoje
MARIANA BASTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O Mineirão passa hoje pelo
primeiro teste internacional
após o Brasil ser eleito sede da
Copa-2014. Mas é provável que
uma parte da torcida fique insatisfeita com o que for ver.
Segundo a tese de doutorado
de Carlos de La Corte sobre estádios brasileiros, de 2007, a
arena mineira apresenta a pior
avaliação no quesito "conforto
do torcedor" se comparada ao
Morumbi e ao Maracanã.
De acordo com o levantamento, o Mineirão tem hoje
27.532 pontos cegos. Se forem
descontados os assentos mais
populares (geral), interditados
para o jogo, ainda haverá 13.760
lugares que terão a visibilidade
prejudicada por placas de publicidade, pilastras de sustentação ou bancos de reservas.
Em outras palavras, mais de
24% dos torcedores presentes
vão ter problemas para ver integralmente os lances de Brasil
x Argentina nesta noite.
O estudo indica que o setor
mais afetado é o térreo, que
possui inclinação de 10 na geral e 13 nas cadeiras, consideradas baixas se comparadas aos
assentos de estádios modernos,
que têm entre 25 e 30.
O governo de Minas Gerais
investiu R$ 1,1 milhão em pequenas reformas tentando se
adequar às exigências da Fifa. É
quase quatro vezes o valor gasto no Morumbi antes do confronto entre Brasil e Uruguai.
No Mineirão, foram feitas
obras nos bancos de reservas,
no vestiário dos árbitros, na sala de exame antidoping e nos
locais destinados à imprensa.
Mais R$ 1,1 milhão acabou
desembolsado no aluguel de
dois telões gigantes de 78 m2.
O montante desses investimentos correspondem a quase
metade do que a Ademg (Administração de Estádios de Minas
Gerais) arrecada em um ano.
Parte desse dinheiro é empregado na manutenção da arena.
Além dos lugares cegos, problemas de evacuação, armadura exposta na fachada, estacionamento escasso e distância do
público em relação ao gramado
são os principais pontos críticos apontados pelo especialista
consultado pela Folha.
"O espectador, muitas vezes,
sai perdendo porque as normas
da Fifa atendem, prioritariamente, a imprensa, atletas, árbitros e autoridades e delega as
questões de segurança e conforto às normativas locais. Então, para se adequar à Fifa, apenas pequenas reformas já resolvem o problema", analisa
ele, que defende a demolição
do Mineirão e a construção de
um estádio monumento, como
o Allianz Arena, em Munique.
Atualmente, cinco empresas
concorrem pelo direito de elaborar o projeto de modernização do Mineirão, visando à Copa do Mundo de 2014. A reforma deve ocorrer em 2009.
"Não dá para o estádio ser
demolido porque o Mineirão é
um prédio tombado. Acho que
uma grande reforma já pode
resolver os problemas do estádio", acredita José Eustáquio
Natal, diretor-geral da Ademg.
Texto Anterior: CBF anuncia lei seca para festa Próximo Texto: Há 50 anos: País de Gales é incógnita, admite Feola Índice
|