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FUTEBOL
O primeiro artigo da Copa América
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL
"A Confederação Sul-Americana de Futebol organizará um torneio que se denominará "Campeonato Sul-Americano Copa América", no qual será
obrigada a participar a principal
seleção de cada federação nacional filiada." Eis o primeiro artigo
do regulamento da competição.
Alguns podem entender que
Brasil e Paraguai, por exemplo,
estão descumprindo a regra básica da disputa por não terem utilizado a sua seleção principal -estão fazendo experiências agora,
no Peru, com muitos jogadores.
Talvez a organização do torneio queira dizer que não pode é
levar time sub-20 ou time olímpico. Mas até aí um país pode mandar uma seleção só com garotos e
dizer que é a principal, que não
houve limite de idade, que a nova
geração é sensacional e pronto.
A simples presença desse item
no regulamento mostra o quanto
a Copa América está hoje desprestigiada. Lembra bem regras
recentes do Campeonato Paulista
que proibiam os clubes de jogar
com ""time misto" -isso não impedia os grandes de escalar reservas algumas vezes para priorizar
acertadamente a Libertadores.
Tratar da Copa América logo
depois da Eurocopa parece meio
covardia. Criticar o mais antigo
torneio continental de seleções
ainda em disputa é como bater
em bêbado. Porém, para que a
coisa melhore, é algo necessário.
O primeiro artigo do regulamento da Copa América diz ainda que, se algum país não comparecer ao torneio, receberá uma
multa de US$ 50 mil (troco no futebol internacional) e será suspenso por dois anos de todas as
competições organizadas pela
Conmebol. Punição dura? Bem, o
que a Argentina fez na Copa
América passada na Colômbia?
Os argentinos desistiram oficialmente do torneio de 2001 poucas horas antes de seu início. Se a
Conmebol agisse com rigor, os argentinos não teriam disputado
normalmente todas as suas competições (e conquistado grande
parte delas) nos últimos anos.
A imprensa noticiou que os cartões amarelos foram zerados para
a segunda fase da Copa América
para a surpresa e a alegria do correto técnico da seleção, Carlos Alberto Parreira. E isso no meio da
disputa. A Nike até que dá bom
exemplo para a Conmebol, sua
parceira recente, pois no torneio
que ela organiza para jornalistas
em São Paulo houve rigor com
suspensões -o artilheiro não jogará a final, por exemplo. Mas,
como dizem, ""no pasa nada".
O presidente da Traffic, J. Hawilla, escreve no bacana media guide da Copa América que a importância do torneio ""é hoje equiparável à da Eurocopa". Infelizmente para ele, que possui os direitos
do evento (certamente recebe menos do que receberia se tivesse os
direitos da Euro), e para nós, que
gostamos de futebol internacional, a distância entre as duas
mais tradicionais competições
continentais de seleções é abissal.
Diferentemente de algumas disputas da Conmebol, a Copa América se justifica. O produto deverá
ser valorizado se algumas notícias, como o intervalo de quatro
anos entre as edições, vingarem,
mas muita coisa precisa mudar,
começando pelo primeiro artigo.
Ranking de IDH
Como comparar um torneio de 16 seleções que tem 14 membros no
grupo dos países com desenvolvimento humano elevado com um de
12 seleções que tem sete participantes no grupo dos países com desenvolvimento humano médio? Os únicos países que jogaram a Eurocopa que não aparecem no clube do desenvolvimento humano
elevado são Rússia e Bulgária, justamente os dois mais bem colocados dentre os países com desenvolvimento humano médio.
Copa da Ásia
Começou ontem o torneio asiático de seleções. A disputa está ganhando corpo a cada edição. A deste ano é na efervescente China. A
Ásia pós-Copa espera recorde de audiência e atenção maior dos demais continentes com seu torneio, que tem 16 times, como a Euro.
E-mail: rbueno@folhasp.com.br
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