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FUTEBOL
País dos contrastes
TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA
Na Copa América, mesmo
com o time reserva, o Brasil
é forte candidato ao título. Já no
Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), medido pelas Nações Unidas, baseado em indicadores como expectativa de vida,
educação e padrão de vida, o Brasil está no 72º lugar, atrás de Argentina (34º), Costa Rica (45º),
Uruguai (46º), México (53º) e Venezuela (68º). Vergonha!
Contra a seleção olímpica do
Paraguai, que estava reforçada
por Gamarra e Paredes, o Brasil
jogou no ritmo daquele enorme
cágado que estava no hotel da seleção e que apareceu em todos os
noticiários.
No primeiro tempo, a atuação
do time brasileiro foi aceitável,
como nos dois primeiros jogos.
Edu, Kleberson e Gustavo Nery
avançaram mais do que antes, e
Felipe mostrou sua habilidade.
Na segunda etapa, o time piorou com a saída inoportuna do
Felipe e ficou horrível após o segundo gol do Paraguai. Não parecia um time dirigido por Parreira,
que normalmente mantém o padrão tático, mesmo nas derrotas.
Em qualquer time que tenha
um típico centroavante, que se
destaca pela finalização mas que
participa pouco do conjunto, é comum ele marcar a maioria dos
gols e o ataque atuar mal. Com
dois centroavantes, isso é ainda
mais freqüente. Com três, como
no final do jogo contra o Paraguai após a entrada do Ricardo
Oliveira, não dá.
Dos seis gols marcados pelo Brasil na Copa América, cinco foram
feitos por Adriano e Luis Fabiano.
Os dois são excelentes reservas
para o atacante Ronaldo, mas a
dupla não mostrou até agora nenhuma afinidade. Nos três jogos,
eles não trocaram um único passe. Um não enxerga o outro. Os
dois só pensam em fazer gol.
Falta à seleção um atacante
mais técnico, que recue, troque
passes e deixe espaços para o armador avançar e finalizar. Vágner Love e Ricardo Oliveira também não possuem essa característica. Na seleção titular, Ronaldinho Gaúcho e Kaká trocam muito de posição. Isso confunde a
marcação. É preciso ainda que
pelo menos um dos volantes chegue à área do outro time.
Nos melhores momentos do
Cruzeiro em 2003, Aristizábal e
Deivid se movimentavam para os
lados, e Alex aparecia na frente
pelo meio. No Santos, Luxemburgo repete essa estratégia, com Robinho e Deivid e mais Elano ou
Diego vindo de trás.
Brasil e México têm chances
iguais de vitória. Se o Brasil perder, alguns jogadores serão desvalorizados para a equipe, o que
não significa que sejam ruins, que
não tenham espírito de seleção e
nem que o Parreira seja um mau
treinador.
Com as ausências dos titulares,
principalmente dos dois Ronaldinhos, Cafu e Roberto Carlos, o
Brasil fica no nível de muitas outras seleções.
Evolução
Independentemente do resultado de ontem, o Corinthians melhorou com a recuperação física e
técnica de vários jogadores, a
contratação de Fábio Baiano e Zé
Carlos e a evolução tática da
equipe.
Se não fosse a irregularidade, as
trocas constantes de posição, as
freqüentes contusões e alguns momentos de "doidice", Fábio Baiano seria um excelente jogador.
Todos os técnicos querem contratá-lo, com a esperança de que ele
jogue como nos seus melhores
momentos.
Por causa de sua velocidade e
ótimos cruzamentos, Fábio Baiano deveria jogar pelos lados, de
ala ou meia-direita. Porém ele
prefere atuar pelo meio, na criação das jogadas. Fábio Baiano
deve se achar um craque. Nessa
posição, porém, ele se torna um
jogador mediano, que às vezes faz
coisas interessantes e surpreendentes.
Diferença
No Rio, mesmo sem contar com
a rodada de ontem, Fluminense e
Vasco continuam no grupo do
meio, e Flamengo e Botafogo, no
de baixo. Se não acontecer novos
e importantes fatos, haverá poucas mudanças nas próximas rodadas.
Botafogo e Flamengo podem
melhorar. O Botafogo tem atuado
bem, para o nível do campeonato,
mas falta algo mais, que não sei o
que é. O Flamengo terá o reforço
de Júlio César e Felipe após a Copa América. Porém o time já estava ruim com os dois.
Roger e Petkovic são os principais responsáveis pelas razoáveis
campanhas de Fluminense e Vasco no Brasileiro. Felipe terá de fazer o mesmo.
E-mail
tostao.folha@uol.com.br
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