Dragulescu diz que o "melhor homem levou um tombo e não venceu

Chinês Zou Kai revela que só passou a acreditar de fato no título do solo quando viu que o brasileiro saíra da disputa por causa da queda

DO ENVIADO A PEQUIM

"Quando vi que [Diego] Hypólito caiu, é que eu pensei que teria uma chance de ser campeão olímpico. Ainda havia pressão, mas também muita esperança a partir dali."
Foi essa a resposta do chinês Zou Kai, 20, novo campeão olímpico do solo, ao ser questionado sobre o tombo sofrido pelo brasileiro no finalzinho de sua apresentação no aparelho.
O mais tradicional adversário de Diego, o romeno Marian Dragulescu, 27, também fez questão ontem de prestar homenagem ao ginasta brasileiro, após o fim da competição.
"O melhor homem levou um tombo e não venceu", filosofou o tricampeão mundial do solo ao ser questionado pela Folha sobre o que achou da queda que Diego, 22, sofreu.
A reportagem perguntou se Dragulescu se referia a si próprio ou ao ginasta brasileiro. "Falo de mim, do Hypólito e do japonês [Kohei Uchimura]."
Sobre a queda que sofreu durante a sua própria apresentação, o ginasta romeno foi seco e bem objetivo: ""Isso acontece".
E encerrou abruptamente a conversa quando a discussão passou a girar em torno do motivo do tombo sofrido por Diego. ""Vá perguntar para ele."
Dentro da seleção brasileira, Diego também foi alvo de palavras de conforto. Daiane dos Santos, que passou por situação semelhante nos Jogos de Atenas-2004, saiu em sua defesa: ""Na minha opinião, o Diego continua como o melhor ginasta do mundo no solo".
Já o espanhol Gervásio Deferr, dono da prata, com 15,775 -o bronze foi para o russo Anton Golotsutskov (15,725)-, mostrou simpatia em relação ao brasileiro e ao romeno. "Eles estavam nervosos, porque não é fácil competir em uma Olimpíada. São quatro anos de trabalho", disse Deferr.
O treinador do campeão do solo e do salto no Pan-07, Renato Araújo, desqualificou a explicação dada pelo espanhol.
"O Diego é um cara superbom de cabeça, não tem problema com pressão. Gosta de ginásio cheio, foi bem em Mundial e em outras competições internacionais. Se isso não é experiência internacional, não sei o que é", apontou ele, sobre seu pupilo, que foi consolado pela irmã, Daniele Hypólito.
"Fizemos a mesma série há dois dias [sexta-feira] durante o treino, e ele fez perfeito. Disse que era apenas não errar que seria no mínimo medalhista."
Segundo o treinador, a única dúvida que restava até os últimos dias era se utilizariam na final o Hypólito, movimento a que o ginasta deu nome e de difícil execução. Preferiram descartá-lo para ter mais força na terceira passada, a mais difícil da série, e na última.
""Ele abriu [o corpo] um milésimo de segundo antes e tentou cravar no final. Não importa que tenha visto Dragulescu errar e que tinha vantagem sobre o principal rival, todo ginasta sempre tenta cravar no final", disse Araújo.0 (EDUARDO OHATA)

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