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análise
Cara de Diego revelou tudo, menos o futuro
CRISTIANO CIPRIANO POMBO
DA REPORTAGEM LOCAL
Parecia filme repetido. Como Daiane dos Santos em
2004, Diego Hypólito era favoritíssimo ontem. Tinha os
elementos mais difíceis, a
vantagem da nota mais alta
no classificatório e, o que é
muito importante, o status
perante os jurados.
Diego, porém, não arriscou. Pelo menos não naquele
movimento que lhe tirou o
título de campeão olímpico.
Era uma acrobacia fácil,
daquelas que ele repete à
exaustão e nunca erra. Difícil
acreditar no que aconteceu,
pois aquela aterrissagem o
faria campeão olímpico.
Como Diego afirmara, o
trabalho de oito anos foi definido em 1min10s. Nos últimos 5s, a casa caiu. A expressão no rosto de Diego, que ficará marcada para sempre,
dizia tudo: cometera a falha
imperdoável na ginástica.
A expressão evidenciou
outro fator: o de que a ginástica do país ficou aquém do
que disse ser capaz de fazer.
E o de que o solo, aparelho
que mais alegrias permitiu
ao país -3 títulos em Mundiais e 19 ouros na Copa do
Mundo-, é o que mais castigou o sonho dos brasileiros.
A lucidez veio do técnico
Oleg Ostapenko, que, antes
dos Jogos, disse que o Brasil
não ganharia nada. De novo,
ele acertou, pois Jade Barbosa, sem estar 100% para fazer
tudo o que sabia, e Daiane,
com saídas do solo, não alcançaram o pódio histórico.
O Brasil pode até festejar
seu recorde de finais -as três
de ontem e as da seleção feminina e do individual geral-, mas o melhor resultado
em Olimpíadas ainda é o
quinto lugar no solo de Daiane em Atenas, quando ela
mostrou que o país sabia perder. Só que, após tanta evolução, o esporte perdeu de novo. Como reagirá agora?
O drama brasileiro só é parecido ao de Cheng Fei, favorita para vencer dois aparelhos ontem e que caiu duas
vezes. Chorou. Porém ela levou um bronze e, mais que
tudo, já tinha um ouro (por
equipes). E, na China, a ginástica está consolidada.
Já aqui o futuro da modalidade parece sombrio. Até o
governo está alerta, já que
não há mais seleção permanente. E, pelo que tudo indica, o novo presidente da
CBG, a ser eleito no final do
ano, assumirá só o cargo,
pois o QG de Curitiba será incorporado a um clube que
vem sendo montado no local.
Isso sem contar que é preciso, para 2012, lutar para segurar Ostapenko, dar estrutura a clubes e ginastas e tirar o peso das costas de Diego Hypólito, que até pediu
desculpas, quando, mais importante, é saber em que momento ele se perdoará.
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