São Paulo, segunda-feira, 18 de agosto de 2008

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BASQUETE

Após fiasco, Bassul põe culpa na má preparação

Treinador isenta suas atletas de responsabilidade pela campanha Após uma vitória em cinco partidas, técnico afirma que seleção teve pouco tempo para treinar junta e carece de experiência internacional

EDGARD ALVES
ENVIADO ESPECIAL A PEQUIM

A campanha do Brasil no torneio olímpico feminino de basquete foi trágica: quatro derrotas e uma vitória, ontem, sobre Belarus, por 68 a 53, quando as brasileiras já estavam eliminadas da disputa (com quatro derrotas), e as rivais, classificadas para a segunda fase, os mata-matas de quartas-de-final.
O técnico Paulo Bassul poupou as jogadoras de críticas, mas foi incisivo ao afirmar que o time não teve o treinamento adequado -a grande falha.
Sempre positivo nas declarações, procurou amenizar a péssima campanha, lembrando que, da equipe do último Mundial, há dois anos, nove jogadoras foram trocadas.
"As derrotas dão uma idéia falha. Entendo as críticas, mas asseguro que este grupo é bom. O problema é que se deve trabalhar dentro de um planejamento. Trabalhando certo, é esperança de retorno. Dependendo do planejamento, pode subir ou descer", declarou o treinador, que barrou Iziane.
O planejamento falho a que ele se refere são o pouco tempo para a fase de treinamento e as dificuldades de reunir toda a equipe. Com novas atletas no grupo, essa falha é prejudicial. Além disso, é preciso maior intercâmbio com os centros desenvolvidos. Segundo o treinador, não adianta uma jogadora atuar no exterior, é preciso o grupo viver a experiência.
"Aí fica evidente o emocional de uma jogadora, a reação diante da pressão", afirmou Bassul, que tem 40 anos, 24 deles dedicados ao basquete.
Ele disse que o grupo de Paula, Hortência e Janeth, que colocou o Brasil entre os destaques mundiais, levou mais de uma década para se firmar. "Não adianta jogar na América do Sul. Pior é o que nosso basquete costuma fazer isso e, depois, busca experiência em torneios importantes, como Mundial e Olimpíada. É absurdo."
Bassul destacou que o correto é evoluir para jogar esses torneios, e não buscar evolução durante eles. É um laboratório que o Brasil não fez na passagem de uma geração para outra e decidiu executar na véspera da Olimpíada, fato agravado por ter promovido o Mundial-06 e o Pan-Americano-07, que atrasaram mais o processo.
As jogadoras saíram da quadra do Ginásio Olímpico de basquete abaladas, algumas chorando. Todas batendo na mesma tecla: que o grupo estava unido, perdeu jogos incríveis (Coréia na prorrogação e Rússia por um ponto) e merecia figurar entre as classificadas.
"Tem de pensar o que faz. Se não melhorar, não vai dar", disse a armadora Adrianinha, 29, a mais experiente do time, já caminhando para o vestiário.
Pouco antes, ela reconhecera não ter tido tempo suficiente para se preparar por causa de problemas particulares.
Micaela, 29, não tem dúvida: é preciso treinar mais tempo juntas. Ela fez uma autocrítica com base em sua contusão.
"Eu estou bem, mas a contratura que sofri pouco antes [da competição] me prejudicou. Acabei jogando mal, embora já estivesse bem", falou a ala.
A pivô Kelly, 28, cestinha do Brasil ontem, com 14 pontos e nove rebotes, avaliou que o grupo demorou a engrenar. "Time novo, tímido e com responsabilidade, só foi crescendo durante a competição. Mas, em Mundial e Olimpíada, isso não pode ser assim. Você precisa chegar pronta", disse a atleta, na seleção há mais de uma década.


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