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BASQUETE
Após fiasco, Bassul põe culpa na má preparação
Treinador isenta suas atletas de responsabilidade pela campanha
Após uma vitória em cinco partidas, técnico afirma que seleção teve pouco tempo para treinar junta e carece de experiência internacional
EDGARD ALVES
ENVIADO ESPECIAL A PEQUIM
A campanha do Brasil no torneio olímpico feminino de basquete foi trágica: quatro derrotas e uma vitória, ontem, sobre
Belarus, por 68 a 53, quando as
brasileiras já estavam eliminadas da disputa (com quatro derrotas), e as rivais, classificadas
para a segunda fase, os mata-matas de quartas-de-final.
O técnico Paulo Bassul poupou as jogadoras de críticas,
mas foi incisivo ao afirmar que
o time não teve o treinamento
adequado -a grande falha.
Sempre positivo nas declarações, procurou amenizar a péssima campanha, lembrando
que, da equipe do último Mundial, há dois anos, nove jogadoras foram trocadas.
"As derrotas dão uma idéia
falha. Entendo as críticas, mas
asseguro que este grupo é bom.
O problema é que se deve trabalhar dentro de um planejamento. Trabalhando certo, é
esperança de retorno. Dependendo do planejamento, pode
subir ou descer", declarou o
treinador, que barrou Iziane.
O planejamento falho a que
ele se refere são o pouco tempo
para a fase de treinamento e as
dificuldades de reunir toda a
equipe. Com novas atletas no
grupo, essa falha é prejudicial.
Além disso, é preciso maior intercâmbio com os centros desenvolvidos. Segundo o treinador, não adianta uma jogadora
atuar no exterior, é preciso o
grupo viver a experiência.
"Aí fica evidente o emocional
de uma jogadora, a reação diante da pressão", afirmou Bassul,
que tem 40 anos, 24 deles dedicados ao basquete.
Ele disse que o grupo de Paula, Hortência e Janeth, que colocou o Brasil entre os destaques mundiais, levou mais de
uma década para se firmar.
"Não adianta jogar na América
do Sul. Pior é o que nosso basquete costuma fazer isso e, depois, busca experiência em torneios importantes, como Mundial e Olimpíada. É absurdo."
Bassul destacou que o correto é evoluir para jogar esses torneios, e não buscar evolução
durante eles. É um laboratório
que o Brasil não fez na passagem de uma geração para outra
e decidiu executar na véspera
da Olimpíada, fato agravado
por ter promovido o Mundial-06 e o Pan-Americano-07, que
atrasaram mais o processo.
As jogadoras saíram da quadra do Ginásio Olímpico de
basquete abaladas, algumas
chorando. Todas batendo na
mesma tecla: que o grupo estava unido, perdeu jogos incríveis
(Coréia na prorrogação e Rússia por um ponto) e merecia figurar entre as classificadas.
"Tem de pensar o que faz. Se
não melhorar, não vai dar", disse a armadora Adrianinha, 29, a
mais experiente do time, já caminhando para o vestiário.
Pouco antes, ela reconhecera
não ter tido tempo suficiente
para se preparar por causa de
problemas particulares.
Micaela, 29, não tem dúvida:
é preciso treinar mais tempo
juntas. Ela fez uma autocrítica
com base em sua contusão.
"Eu estou bem, mas a contratura que sofri pouco antes [da
competição] me prejudicou.
Acabei jogando mal, embora já
estivesse bem", falou a ala.
A pivô Kelly, 28, cestinha do
Brasil ontem, com 14 pontos e
nove rebotes, avaliou que o grupo demorou a engrenar. "Time
novo, tímido e com responsabilidade, só foi crescendo durante
a competição. Mas, em Mundial e Olimpíada, isso não pode
ser assim. Você precisa chegar
pronta", disse a atleta, na seleção há mais de uma década.
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