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Diante da chatice, Mineirão chia e abandona Dunga
Brasil e Argentina entram com muitas modificações nos
times, mas pouco produzem e despertam a ira da torcida
Brasil 0
Argentina 0
DOS ENVIADOS A BELO HORIZONTE
Ambos estavam pressionados e resolveram dar uma chacoalhada nas equipes, mudando nomes e a forma de jogar.
Mas nem Dunga e seu Brasil
nem Alfio Basile e sua Argentina tiveram sucesso nessa empreitada no 0 a 0 entre os dois
grandes rivais no Mineirão.
Dunga, que foi vaiado já antes do jogo, quando o sistema
de som do Mineirão anunciou
seu nome, começou a semana
dizendo que não adiantava mudar o time. Mas começou ontem com três alterações em relação ao 2 a 0 para o Paraguai
-Anderson, Júlio Baptista e
Adriano entraram, respectivamente, nas vagas de Josué, Diego e Luis Fabiano.
Alfio Basile foi ainda mais radical. A Argentina de ontem teve quatro trocas em relação à
que empatou com o Equador.
Todos os setores foram alterados -no ataque, o baixinho
Agüero deu lugar a Júlio Cruz.
O treinador brasileiro ainda
pediu uma mudança de atitude,
que, se aconteceu, foi mínima.
No início, a Argentina tinha
sucesso em cadenciar o jogo e
tentar o gol nas bolas paradas.
Mas foi o Brasil, aos 23min, em
chute de Júlio Baptista defendido por Abbondanzieri, que
teve a primeira chance clara.
Uma contusão deixou o Brasil ainda mais ofensivo. Aos
34min, Anderson sentiu dores
e teve que ser substituído. Em
vez de colocar Josué, outro volante, Dunga optou pelo meia
Diego, para a alegria de Pelé,
que durante o dia em BH criticou o excesso de volantes na seleção na atual gestão técnica.
Até o final do primeiro tempo, de relevante, só a arrancada
de Robinho, que driblou Abbondanzieri na linha de fundo,
foi puxado pela camisa e, em
vez de tocar para Adriano, driblou de novo e foi desarmado. O
ex-são-paulino chiou.
E a torcida no Mineirão não
perdoou a ruindade do clássico
e vaiou muito na saída para o
intervalo, em que o show do
Skank recebeu mais aplausos.
O segundo tempo começou, e
Adriano seguia sem justificar a
fama de carrasco argentino. E
logo a torcida passou a pedir a
entrada de Alexandre Pato,
desta vez escalado para o banco
de reservas por Dunga.
E o Mineirão perdeu a paciência com Dunga, que passou
a ser ofendido de forma grosseira antes de começar o coro
de "burro". Que ficou mais forte quando tirou Adriano, aplaudido apesar da pífia atuação,
para a entrada de Luis Fabiano
em detrimento de Pato.
E o treinador parece ter absorvido as críticas, ficando recolhido no banco e fazendo na
sua última substituição uma
troca inusitada. Ele sacou Diego, que havia entrado depois da
primeira metade do primeiro
tempo, para a entrada de Daniel Alves, um lateral-direito.
O Brasil se desestruturou
mais e só não tomou o gol da
primeira vitória argentina em
solo brasileiro em dez anos
porque os atacantes rivais erravam, e feio, nas finalizações.
(PAULO COBOS E SÉRGIO RANGEL)
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